Médicos de pelo menos dez estados brasileiros vão suspender o atendimento a pacientes nesta terça-feira. A paralisação, que deve atingir tanto a rede pública como a privada, é um protesto contra o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico. Os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos. De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), os sindicatos que já aderiram à paralisação são os dos seguintes estados: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Os sindicatos do Distrito Federal e do Piauí informaram que vão protestar de outras formas, sem suspender o atendimento — uma das sugestões é a de que os médicos usem uma faixa preta no braço, simbolizando luto. A Fenam ainda aguarda a posição dos sindicatos dos demais estados — o Sindicato dos Médicos de São Paulo tem reunião marcada para às 20h30 desta segunda-feira. Segundo a Fenam, devido à visita do papa Francisco, é pouco provável que haja paralisação no Rio de Janeiro.
Proposta — O programa Mais Médicos, elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, prevê a importação de médicos estrangeiros para ocupar as vagas não preenchidas por profissionais brasileiros. A medida dispensa os profissionais do exterior do exame que autoriza a atuação de estrangeiros no país, o Revalida: pelo texto, três semanas de experiência em universidades serão suficientes para atestar a qualidade do médico. O programa também aumenta a duração dos cursos de medicina de seis para oito anos. Durante esses dois anos extras, os estudantes terão de atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ato Médico — O projeto de lei conhecido como Ato Médico restringe aos médicos procedimentos como prescrição de medicamentos, diagnóstico de doença e aplicação de anestesia geral. A proposta, que tramitou por 11 anos no Congresso, foi aprovada pela presidente na última quinta-feira, com 10 vetos.