Hit da TV brasileira nos anos 1960, série ‘O vigilante rodoviário’ ganha ‘remake’
Novo seriado será protagonizado pelo filho do inspetor Carlos, o patrulheiro original
Cenário do novo programa será uma cidade do interior de São Paulo
Alçado ao posto de herói (torto) do imaginário nacional a partir do estrondoso sucesso do filme “Tropa de elite 2” (2010), o capitão Nascimento e sua fama de justiceiro podem estar com os dias contatos. O inspetor Carlos, primeiro homem da lei e da ordem a cativar o coração do público brasileiro, já ensaia sua volta. Pioneira no formato no Brasil, a série “O vigilante rodoviário” exibida pela extinta TV Tupi entre 1962 e 1963, ganhará, enfim, um remake na televisão.
O seriado original, produzido por Alfredo Palácios (1922-1977) e dirigido por Ary Fernandes (1931-2010), tinha o ator Carlos Miranda no papel-título e o cão pastor alemão Lobo como coestrela das peripécias do patrulheiro em torno da Rodovia Anhanguera, em São Paulo. O vigilante rodoviário era um policial sem truques nem efeitos especiais, que usava as armas comuns e andava pelas estradas a bordo de um Simca Chambord 1959 e ou de uma Harley-Davidson 1952 .
Diferentemente de Nascimento, o tira imortalizado por Wagner Moura na série de filmes dirigida por José Padilha, o inspetor Carlos agia estritamente dentro da lei. A nova versão do programa terá como protagonista o filho do vigilante original, que herdou o nome e a vocação do pai e irá resgatar os valores do bravo patrulheiro dos anos 1960, confrontando-os com o Brasil dos dias de hoje, com suas crises morais.
— A série tem um lugar cativo no inconsciente coletivo brasileiro. E, esteja certo, tudo isso está relacionado à escassez de heróis verdadeiros, moral ou eticamente inatacáveis — conta Maria Clara Fernandez, diretora de projetos especiais da Academia de Filmes, a produtora paulistana à frente do projeto, em associação com a Procitel, dos herdeiros de Ary Fernandes. — O novo vigilante quer promover uma reflexão sobre os valores morais contemporâneos, falar de violência urbana e do comportamento nas estradas. Queremos que ele possa chamar a atenção para problemas atuais de ordem pública, estimular um comportamento mais civilizado nas estradas, por exemplo. Enfim, fazer a sociedade refletir sobre seus problemas.
A nova versão começou a ser ventilada em 2001, foi abandonada em função de problemas de saúde de Fernandes, detentor dos direitos sobre o programa, mas ganhou novo impulso a partir do ano passado, quando entrou em vigor a Lei da TV Paga, que obriga as operadoras de canais por assinatura a abastecer sua grade de programação com três horas e meia semanais de produção nacional — metade delas com conteúdo independente. O Grupo Ink já está negociando a série com emissoras, não exclusivamente fechadas.