Unilever pede ajuda aos consumidores para recolher suco Ades Maçã contaminado
Uma semana depois da convocação do recall, empresa ainda não conseguiu coletar nem a metade das embalagens
Uma semana depois da convocação de recall pela Univeler para recolhimento de 96 embalagens de suco AdeS Maçã 1,5 litro, contaminadas com solução de limpeza identificada posteriormente como soda cáustica, a empresa não conseguiu recolher nem a metade dos produtos. Ainda restam 50 no mercado. Sobre os demais sucos de uma das linhas de produção da marca, com vendas suspensas na segunda-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a empresa não informou a quantidade de embalagens existentes no mercado nem se alguma já foi recolhida. Hoje, é esperada a divulgação dos resultados do laudo da inspeção sanitária realizada pela Vigilância Sanitária de Minas Gerais na fábrica da Unilever em Pouso Alegre, onde ocorreu o incidente.
A Univeler disse ao GLOBO que conta com a colaboração dos consumidores para verificarem em suas casas se possuem alguma das caixas de AdeS Maçã do lote AGB25 contaminado. “Algumas dessas unidades que foram para o mercado já estão nas casas dos consumidores e precisamos da colaboração de todos para garantir o recolhimento das 96 unidades”, informou. No comunicado divulgado no Facebook, a empresa informou que a inscrição do lote pode ser verificada no topo da caixa do produto. Em caso positivo, o consumidor deve entrar em contato com a companhia para solicitar o recolhimento e evitar que mais pessoas consumam o produto e tenham problemas como queimadura de mucosa da boca, garganta e esôfago. Doze pessoas recebem acompanhamento médico, de um total de 14 que relataram ter tido problemas. Os outros dois, segundo a Unilever, se recusaram a receber atendimento.
A empresa reforçou, ainda, que está com uma “grande equipe que inclui SAC e time de vendas para que o restante dos produtos seja recolhido o mais rápido possível”. Caso o consumidor identifique produto do lote AGB25 deve entrar em contato gratuitamente com a empresa pelo telefone 0-800-707-0044, das 8h às 20h, ou pelo e-mail sac@ades.com.br.
A empresa ainda afirmou não temer queda nas vendas: “Houve uma falha pontual e rapidamente resolvemos o problema, para garantir a confiança de nosso consumidor no nosso processo de fabricação... Dessa forma, não acreditamos que as vendas irão cair”.
MPF enviou ofício à Anvisa
Ontem, a Câmara de Consumidor e Ordem Econômica do Ministério Público Federal - Procuradoria Geral da República encaminhou à Anvisa ofício solicitando informações sobre as medidas tomadas pela reguladora com relação ao incidente na produção de suco AdeS, da Unilever. Até o início da noite de ontem o documento ainda não havia chegado ao gabinete da diretoria da agência, que informou que irá responder à Câmara depois de concluir os relatórios a respeito do caso.
A conclusão dos relatórios depende, segundo a Anvisa, do recebimento do laudo da inspeção sanitária realizada pela Vigilância Sanitária de Minas Gerais realizada na fábrica da Unilever, na cidade de Pouso Alegre, onde foi detectado problema em uma das onze linhas de produção do suco.
No comunicado, o Subprocurador-Geral da República e coordenador desta Câmara, Antonio Fonseca, que assina o documento, ressalta que a preocupação do grupo foi motivada por “relatos de consumidores que sofreram queimadura na boca e em outras regiões dos sistema digestivo após ingerir o suco em condição irregular”.
A Câmara pede informações sobre “o tratamento do incidente pela agência reguladora, esclarecendo a imposição de medidas como a aplicação de multa e retirada dos produtos de circulação”. A Unilever pode ser multada em até R$ 7,7 milhões pela Anvisa e pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça (MJ) pela venda de embalagens do suco de maçã AdeS de 1,5 litro impróprias para o consumo.
Depois de uma reunião de mais de duas horas com representantes da fabricante, na sede do MJ, na terça-feira, a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Suzany Moraes, afirmou que a empresa relatou falha humana e em equipamentos no episódio que levou ao envasamento de soda cáustica no lote de 96 caixas de suco de maçã, distribuídas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
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