Rússia proíbe palavrões em livros, filmes, peças de teatro e na internet
DA REUTERS, EM MOSCOU
Uma proibição russa a palavrões em filmes, peças e livros entrou em vigor na terça-feira (1), como parte de uma política cujo objetivo é apaziguar os conservadores, mas que os críticos de Vladimir Putin condenaram como nova restrição à liberdade de expressão.
Sob a lei aprovada em maio, filmes que contenham "linguagem chula" terão sua distribuição ampla proibida, e livros contendo palavrões serão vendidos em embalagens seladas, com alertas de obscenidade.
Os teatros não poderão encenar produções contendo obscenidades, nos termos da lei, que impõe multas de até 50 mil rublos (US$ 1,5 mil) por infração.
A mídia russa reportou que um software conhecido como "bot do palavrão" será usado para policiar o uso de palavrões na Internet.
A lei tem por objetivo assegurar "a proteção e desenvolvimento da cultura linguística", de acordo com uma declaração veiculada no site do Kremlin.
Mas os críticos dizem que a medida lembra a censura da era soviética e que restringirá a liberdade de expressão.
Putin adotou um tom conservador em seu mais recente mandato presidencial, elogiando o que define como valores tradicionais e elevando a Igreja Ortodoxa russa como autoridade moral.
No mês passado, o jornal "Izvestiya" informou que a Roskomnadzor, a agência de fiscalização das comunicações russas, planejava usar um programa de buscas para localizar termos chulos em artigos online e nos comentários sobre eles.
O sistema, que custou 25 milhões de rublos (US$ 729,5 mil), conduzirá buscas nos cinco mil sites de mídia de massa que já são alvo de fiscalização humana, informou a reportagem.
Um dicionário russo de palavrões lista mais de 1,2 mil frases que usam um único termo de gíria para a palavra "pênis".
Tradução de PAULO MIGLIACCI