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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Inesperado no Pólo Naval !

Por: Rui Juliano, engenheiro civil e empresário
 
Já temos previsão do que irá ocorrer com Rio Grande em dois, quatro e oito anos. Tudo a respeito do boom do Polo Naval. Já sabemos, temos previsão e estamos cansados de ouvir quais as consequências positivas que advirão. Porém, o imprevisto pode ocorrer, se uma gigante da construção naval mundial se decidir por Rio Grande e São José do Norte. Então, o que pensamos até agora, pode ser pequeno.
Uma gigante como a Hyundai poderá fornecer navios e plataformas para o Pré-sal e, simultaneamente, abarcar o mercado internacional, utilizando o Porto de São José do Norte, o Porto do Rio Grande e as margens do São Gonçalo, junto a Pelotas, como parte de sua estrutura. As notícias que os jornais trazem sobre a sul-coreana Hyundai mais parecem uma charada. Tudo começou com um convite ao governador Tarso Genro para visitar a Hyundai, no início de junho do ano passado; no encontro, disseram à comitiva gaúcha que estavam interessados em construir uma fábrica de elevadores. Coisa bastante modesta para a capacidade do Polo Naval do Rio Grande.

No dia seguinte, pediram ao governador para voltar à empresa, onde revelaram o interesse também em um porto para seus navios. Empreendimento ainda pequeno para o melhor local do país, com vistas à instalação de um grande negócio que dependesse de porto, no qual a sinergia de atividades produtivas diferentes potencializasse a empresa. O que a Hyundai, em nível global, exatamente faz para ser mais produtiva do que a concorrência.


Em novo capítulo, em meados de agosto de 2011, os coreanos chegaram ao Estado, viram e escutaram bastante acerca da região do entorno do Porto do Rio Grande. E declararam interesse em gás, que os motivou a procurar a Sulgás, a qual possui intenção de um projeto de terminal no Distrito Industrial do Porto, junto à BR-392, próximo ao Posto Ongaratto. Então, eis que aparece uma nova peça para a charada que, embora não defina se a Hyundai virá com um megainvestimento: o gás é mais um ponto revelador, melhor dizendo, extremamente revelador.


Com o gás do Pré-sal, a necessidade de dependência de um grande conglomerado industrial da rede elétrica disponível no sul do país ou de suas mazelas é minimizada, visto que turbinas a gás proveriam qualquer necessidade de eletricidade da região, seja de grande ou enorme consumo. Aliás, a energia é o ponto fraco de Rio Grande e do país; já a água para consumo, vinda da Lagoa Mirim, há à vontade.


Como parte da sinergia entre as indústrias da Hyundai, o imprevisto que pode ocorrer, além da tão falada e disputadíssima fábrica de elevadores pelos gaúchos de outros municípios, é surgir um pacote de indústrias que o Porto do Rio Grande poderia receber da empresa sul-coreana, capitaneado por um grande estaleiro e uma montadora de automóveis. Isso porque o modelo just in time com que a Hyundai trabalha exige o atendimento ao mercado internacional com a montadora dentro do porto, exatamente como a empresa possui - a maior existente no mundo, junto com  um  imenso estaleiro - no porto de Ulsan, na Coreia do Sul.


Curiosamente, a Samsung e a STX, grandes empresas da construção naval, adotam a mesma cantilena: querem investir em gás no Porto do Rio Grande. A economia mundial já mostra como as coisas ocorrerão após a crise ora vivida pela Europa. A expansão do crescimento industrial de dezembro último mostra que o crescimento da economia da China não verá grande desaceleração no futuro. Os aportes de investimentos que os Estados Unidos estão recebendo, vindos em fuga da Europa, garantirão a economia mundial. Tudo está ficando mais claro agora, e um pouco mais tranquilo. Certamente para a Hyundai também.


Há poucos dias atrás, o líder da Hyundai, Victor Park, retornou para negócios no Sul, afirmando que nas próximas semanas deverá ser anunciado um investimento em operações logísticas no Porto do Rio Grande para transporte de containers e transporte de gás natural. Novamente a empresa coreana mostra sinais de interesse para com a ninharia. A construção de uma fábrica de elevadores, interesse em gás e porto, não se duvida que sejam levados adiante, mas que podem servir como cortina de fumaça e cabeça de ponte para algo bem maior, podem sim.


  
Opinião de Beto Vetromille
Ainda bem, que temos pessoas de pensamento elevado, torcendo e visualizando grandes investimentos para nossa região. 
Parabéns ao engenheiro e empresário!

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