O fechamento de um acordo no
Senado norte-americano para aumentar temporariamente o teto da dívida pública e
desbloquear o Orçamento dos Estados Unidos representa um alívio para a economia
global, disse nesta quarta o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, o
fim da paralisação da administração pública nos Estados Unidos impediu que a
recuperação da atividade econômica em todo o mundo seja ameaçada.
“A economia mundial está em
recuperação. Estamos indo até razoavelmente bem, e uma medida dessa natureza
(bloqueio do Orçamento e calote da dívida pública norte-americana) poderia
emperrar esse processo”, destacou o ministro. “Isso cria uma sensação de insegurança,
desconfiança e, portanto, prejudica os negócios de modo geral.”
Mantega ressaltou que a
instabilidade no sistema financeiro nos últimos dias pode ter prejudicado a
emissão de títulos por empresas brasileiras que queiram captar recursos no
exterior. “O governo não fez nenhuma emissão (no mercado internacional), mas
imagino que algumas empresas privadas tenham sido prejudicadas porque o mercado
ficou um pouco nervoso enquanto a questão não foi resolvida.”
O ministro classificou o acordo
final de intermediário. “Acredito numa resolução, mas não exatamente o que o
governo americano gostaria, mas alguma coisa intermediária. Eles vão ganhar um
fôlego intermediário e continuar empurrando essa questão por algum tempo”,
disse Mantega.
No início da tarde desta quarta,
o Senado dos Estados Unidos anunciou um acordo para encerrar o impasse que
paralisava a administração pública do país desde o início do mês. O texto prevê
a elevação do teto da dívida americana até pelo menos o próximo dia 7 de
fevereiro e a reabertura dos serviços públicos até 15 de janeiro. O acordo
precisa ser aprovado pelos deputados e senadores norte-americanos até a
meia-noite (hora local, 1h em Brasília) para entrar em vigor.
O ministro também comentou sobre
o dólar, que está em R$ 2,17 e registrou a menor cotação desde junho. Segundo
ele, a queda do dólar representa um sinal de que não está abalada a confiança
dos investidores internacionais no Brasil. “Isso [a queda do dólar] é um
testemunho de segurança, de confiança. Significa que está entrando um pouco
mais de recurso no país”, disse.
Mantega, no entanto, não
descartou a possibilidade de a moeda norte-americana subir novamente, caso haja
novas instabilidades no sistema financeiro internacional. “O dólar é flutuante
no Brasil. Então temos de admitir que ele flutue tanto para cima quanto para
baixo”, concluiu.