Ministra dos Direitos Humanos diz que, mesmo que exames não confirmem envenenamento, "generais da época" são responsáveis pela morte do ex-presidente
Técnicos e peritos argentinos, uruguaios e cubanos participarão dos exames
BRASÍLIA - A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, anunciou na tarde desta quarta-feira que a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart ocorrerá no próximo 13 de novembro, em São Borja (RS), onde nasceu e está enterrado Jango. Os restos mortais de Jango seguirão para Brasília, onde, segundo a ministra, será recebido com honras de chefe de Estado. O objetivo da exumação é apurar se o ex-presidente morreu vítima de envenenamento, hipótese trabalhada por setores da esquerda e integrantes do atual governo. Técnicos e peritos argentinos, uruguaios e cubanos participarão dos exames.
Corpo de João Goulart será exumado - Arquivo O Globo |
Em Brasília, a ossada de Jango seguirá para o Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, que ficará responsável pelo exame antropológico e de DNA.
Os exames toxicológicos, que mostrarão se, de fato, Jango foi envenenado ou não, serão feitos por laboratórios internacionais. Segundo Maria do Rosário, esse exame não será feito no Brasil, porque o grupo responsável por esse trabalho entendeu que o mesmo Estado que perseguiu Jango não pode dar o veredicto sobre as causas de sua morte.
- O ex-presidente Jango foi perseguido em todos os dias de sua vida, mesmo no exílio. Sofreu uma perseguição implacável. O objetivo é chegar a alguma conclusão, mas mesmo que constatar, nesse momento, que não houve envenenamento, temos a convicção de que a ditadura não só o perseguiu e o impediu de voltar ao Brasil como a ditadura é responsável por sua morte. A responsabilidade é dos generais daquele período - disse Maria do Rosário.
Os restos mortais de Jango voltarão para o cemitério de São Borja em 6 de dezembro, data de sua morte.
O Globo.com
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