Glenn Greenwald, o jornalista que divulgou o alcance da espionagem dos EUA a partir das informações de Edward Snowden, anunciou hoje (16) que vai deixar o jornal The Guardian, onde suas histórias foram publicadas.
Glenn Greenwald revelou que os EUA tem acesso direto às informações armazenadas no Google, Microsoft, Apple, Facebook e Skype |
Em comunicado divulgado hoje, Greenwald, que foi contratado pelo periódico em 2012, informou que sua parceria com o The Guardian foi "extremamente frutífera", mas que recebeu uma proposta de trabalho, "irrecusável".
"A decisão de sair não foi fácil, mas recebi uma oportunidade única na carreira, que nenhum jornalista poderia rejeitar", acrescentou Greenwald, que esclareceu que não pode dar detalhes sobre a proposta.
O jornalista americano, que vive no Brasil, teve acesso às informações sobre a espionagem dos EUA através de Snowden, antigo colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana e que está refugiado na Rússia.
Em sua nota sobre a saída do The Guardian, Greenwald destacou que respeita os diretores e jornalistas com quem trabalhou e acrescentou: "Estou incrivelmente orgulhoso do que conseguimos".
Após saber da notícia, um porta-voz do The Guardian ressaltou que Greenwald é um "jornalista extraordinário" e que "foi fantástico trabalhar com ele". "Nosso trabalho no último ano demonstrou a importância que o jornalismo de investigação responsável pode desempenhar para que aqueles que estão no poder prestem contas", destacou o porta-voz.
Greenwald foi uma das peças cruciais da engrenagem que revelou o suposto sistema com o qual os serviços secretos americanos espionam milhões de pessoas.
Com as confidências de Snowden, Greenwald revelou no jornal britânico que a NSA trabalha com um programa chamado Prism que permite que seus agentes tenham acesso direto às informações armazenadas em empresas como Google, Microsoft, Apple, Facebook e Skype.
Greenwald se formou em direito em 1994 em Nova York e criou seu próprio escritório, no qual se dedicou a defender casos relacionados com o direito constitucional e os direitos civis.
Uma década depois, decidiu deixar de advogar e criou um blog pessoal, Unclaimed Territory (Território sem dono), no qual postava suas opiniões políticas e, logo em seguida, começou a escrever no site Salon.com e a publicar diversos livros.
Depois colaborou com meios como The New York Times, Los Angeles Times e The Guardian, que o contratou em 2012 em definitivo.