Brigada Militar treina policiais contra ações de vândalos
Curso de capacitação teve participação de 1,6 mil PMs de operações especiais
Cerca de 1,6 mil policiais militares dos pelotões de operações especiais de cada batalhão da Brigada Militar, conhecidos como POE, estão sendo treinados para o aperfeiçoamento nas ações de controle de distúrbios civis. O curso, inédito na corporação, capacitou recentemente a primeira turma, formada por 78 brigadianos oriundos de Porto Alegre, da região Metropolitana e do Vale do Sinos.
Os Batalhões de Operações Especiais, chamados de BOE, também estão incluídos nessa capacitação. Ministrado por instrutores da própria corporação na Escola de Formação e Especialização de Soldados da BM, em Montenegro, o curso totaliza 70 horas-aula, entre práticas e teóricas, durante cinco dias. O conteúdo do treinamento inclui direitos humanos, legislação aplicada, técnica e tática de controle de distúrbios, tecnologias de menor potencial ofensivo, uso diferenciado da força, ações integradas de tropas a pé, a cavalo e cinófila, além de simulações de operações e intenso exercício físico.
De acordo com o coordenador do curso, major Cláudio Feoli, o treinamento dos policiais militares visa tanto o restabelecimento da ordem pública em casos de grandes manifestações quanto a preservação da integridade física das pessoas e do patrimônio público e privado. “A sincronia de ações nessas situações se demonstrou ferramenta eficaz de controle. A Brigada treina suas tropas de choque baseada em uma doutrina institucional que permitirá essas ações com quaisquer dos pelotões treinados, já que o curso padroniza a atuação desses”, explica o oficial. De acordo com ele, a padronização de ações e a atualização de táticas de emprego permitem que qualquer pelotão cursado componha a tropa de choque diante da “possibilidade de manifestações violentas e ações de vândalos”. Ele revela que a BM investe em equipamentos para tropas de choque.
Unificação de protocolos é a meta
Uma série de medidas para conter os atos de vandalismo praticados nas manifestações públicas foi anunciada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Atividades na área de inteligência, unificação dos protocolos de atuação operacional das polícias, melhoria da legislação atual e criação de grupos operacionais compostos por delegados e promotores foram as principais pautas definidas para garantir o direito de manifestação e punir os integrantes de grupos que praticam crimes.
Cardozo afirma que a prioridade é fazer com que os eventos aconteçam sem interferência no direito de manifestação. “No Estado de Direito, é importante que as pessoas se manifestem, mas não podemos concordar com situações de abusos e ilegalidades contra os próprios manifestantes e a Polícia”, destaca.
A atuação integrada dos serviços de inteligência será reforçada para se entender melhor a atuação dos que praticam crimes e dos que realmente vão às ruas se manifestar. Outra orientação é que as polícias atuem com procedimentos padrões. “O interesse é aperfeiçoar o que vem sendo desenvolvido nos estados”, lembra o ministro, ao condenar os atos abusivos e criminosos, responsáveis por afetar o direito de manifestação.
Com informações do Correio do Povo