Saiba como proteger arquivos pessoais
Caso da atriz Carolina Dieckmann alerta para cuidados necessários para preservar a privacidade na era digital. Crimes contra a honra são a maioria em delegacia especializada
O vazamento de fotos íntimas surrupiadas de computadores, notebooks, tablets, celulares e outros dispositivos tecnológicos é mais comum do que se pensa. Entre 1º de janeiro de 2011 e 7 de maio de 2012, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio de Janeiro registrou 608 queixas de crimes contra a honra, ou 53,7% do total de ocorrências. Nessa categoria, estão inseridos 160 casos de difamação. Um deles é o da atriz Carolina Dieckmann, que trouxe visibilidade a essa modalidade de crime e evidenciou os riscos aos quais estão expostos os usuários desses equipamentos.
A primeira linha de investigação cogitada pela polícia foi a de que as imagens poderiam ter sido roubadas do Macbook de Carolina, durante um orçamento para conserto. A hipótese perdeu fôlego, mas seria bastante plausível. Pouca gente sabe, mas é preciso tomar cuidado redobrado para proteger arquivos sigilosos antes de entregar o computador para a manutenção ou mesmo vendê-lo. Apagar os arquivos do HD não é suficiente, porque existem programas capazes de recuperar esses dados. E essa regra vale para todos os sistemas operacionais, seja Windows, Mac OS ou Linux. O que fazer, então?
"Para realmente apagar uma informação, é necessário sobrescrever a área do disco onde a informação está armazenada ou, idealmente, sobrescrever todo o disco - em geral isto é feito através de programas que escrevem zeros ou caracteres aleatórios em todo o disco. Vale ressaltar que somente reinstalar o sistema também permite que dados antigos sejam recuperados", explica Cristine Hoepers, analista de segurança do CERT.br (Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil).
Existem programas de recuperação de dados capazes de ressuscitar arquivos deletados de discos rígidos, cartões de memória e pendrives, mesmo após a limpeza da lixeira. Entre os mais famosos, estão o Recuva e o PC Inspector File Recovery. O intuito deles é salvar a pele daqueles que, por acidente ou falta de atenção, apagam arquivos importantes e desejam reavê-los. No entanto, como toda ferramenta, também pode ser usada para o mal, na hora de bisbilhotar a vida alheia.
Esse milagre só é possível porque o arquivo não é eliminado de vez quando o usuário aperta a tecla delete. Na verdade, é apagada apenas a referência que leva até o arquivo. Ele só sumirá depois que outra informação for armazenada no espaço que o arquivo deletado ocupava no disco rígido. Como é difícil ter essa certeza, o melhor caminho é escrever informações em todo o disco. Esse procedimento é conhecido como "sobrescrever". Há diversos programas disponíveis na internet, inclusive em versões gratuitas, que prometem realizar essa tarefa e, consequentemente, eliminar o risco de ver um arquivo sigiloso cair em mãos erradas. Entre os softwares para Windows, estão o Moo0 FileShredder e o File Shredder.
É claro que outros cuidados básicos devem ser igualmente observados, como o uso de proteções como firewall e antivírus. Se a ideia não é deletar, mas sim manter os arquivos de forma segura, uma boa opção é recorrer à criptografia. O método consiste em converter os arquivos para um formato ilegível, que antes de ser lido precisará ser reconvertido para o formato original. Esse procedimento exige uma senha, o que dificulta a ação dos hackers. Com o uso de programas específicos, é possível compactar e, ao mesmo tempo, criptografar os dados e protegê-los por senha. Um dos mais famosos deles é o Winzip. Os especialistas também recomendam criptografar os arquivos sigilosos enviados por e-mail ou armazenados na "nuvem".
Confira abaixo algumas dicas para proteger seus arquivos pessoais, elaboradas pela analista de segurança Cristine Hoepers, do CERT.br:
Cuidados básicos
- Mantenha as informações sensíveis sempre em formato criptografado;
- Faça backups periódicos dos dados nele gravados;
- Mantenha controle físico sobre o dispositivo (computador/tablet/celular/pendrive), principalmente em locais de risco. Procure não deixá-lo sobre a mesa e cuidado com bolsos e bolsas quando estiver em ambientes públicos;
- Use conexões seguras quando acessar suas contas;
- Não siga links recebidos por meio de mensagens;
- Cadastre uma senha de acesso que seja bem elaborada e, se possível, configure o dispositivo para aceitar senhas complexas (alfanuméricas);
- Configure-o para que seja localizado e bloqueado remotamente, por meio de serviços de geolocalização (isso pode ser bastante útil em casos de perda ou furto);
- Configure-o, quando possível, para que os dados sejam apagados após um determinado número de tentativas de desbloqueio sem acesso (use esta opção com bastante cautela, principalmente se você tiver filhos e eles gostarem de "brincar" com o seu dispositivo).
Cuidados ao se desfazer do seu dispositivo móvel
- Apague todas as informações nele contidas;
- Restaure as opções de fábrica.
Em caso de perda ou furto
- Informe sua operadora e solicite o bloqueio do seu número (chip);
- Altere as senhas que possam estar nele armazenadas;
- Bloqueie cartões de crédito cujo número esteja armazenado em seu dispositivo móvel;
- Se tiver configurado a localização remota, você pode ativá-la e, se achar necessário, apagar remotamente todos os dados nele armazenados.
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