Estudo mostra que saúde dos gaúchos piorou nos últimos anos
Estresse e sobrecarga emocional atingem 70,9% dos moradores do Estado
Mais pesado, mais cansado e mais estressado. A segunda edição da pesquisa Saúde do Coração do Estado, divulgada nesta quinta-feira pela Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs), mostrou que a saúde do gaúcho piorou nos últimos anos. Conforme os dados, 57,5% da população está com excesso de peso. Na primeira edição da pesquisa, em 2010, esse índice era de 43%. O sobrepeso vem acompanhado de cansaço, estresse e sobrecarga emocional - fatores que há três anos atingiam 52,4% da população gaúcha. Atualmente, são 70,9%.
Realizada pelo Instituto Methodus, a pesquisa ouviu 1,5 mil pessoas em 25 municípios do Estado entre os dias 16 e 22 de agosto. Elas responderam a perguntas sobre hábitos alimentares, prática de exercícios e doenças. Segundo o presidente da Socergs, Justo Leivas, a associação dos fatores constatados na pesquisa aumenta o risco de doenças cardiovasculares - principal causa de mortes no mundo. “Se não mudarmos isso, infelizmente as pessoas vão começar a morrer mais cedo”, observa o médico.
Os principais fatores de risco observados pela pesquisa foram hipertensão e colesterol alto. Além disso, dados do Ministério da Saúde indicam que Porto Alegre é a capital com o maior índice de fumantes do país (um em cada quatro habitantes). “A concomitância destes fatores aidna é muito prevalente. Temos que nos preocupar com isso porque a saúde do gaúcho poderia estar muito melhor”, disse a vice-presidente da Socergs, Carisi Polanczyk.
A costela assada como vilã
Um dos fatores que preocupam os cardiologistas é um hábito bem conhecido do gaúcho: o churrasco. Conforme a pesquisa, 59,4% dos entrevistados consomem o prato mais tradicional da nossa culinária uma ou duas vezes por semana. É o maior índice, seguido por lanches, como hambúrgueres e pizzas (28,9%) e alimentos fritos (23,5%). De acordo com Leivas, dois cortes apresentam maior risco devido à grande presença de gordura: o entrecot e a costela. “Quem optar por essa parte deve pelo menos espaçar o intervalo de consumo”, recomenda.
Para alterar o quadro constatado pela pesquisa, a Socergs pretende trabalhar a prevenção nas escolas. Um protocolo de intenção deverá ser assinado com a Secretaria Estadual de Educação, visando a adoção de hábitos saudáveis desde a infância. “O adulto tem muita dificuldade em mudar os seus hábitos. A criança tem uma receptividade muito maior, inclusive replicando essa informação”, afirma Leivas.
“Povo está mais consciente”
A boa notícia da pesquisa foi o crescimento da aferição da pressão, do colesterol e da glicemia, com índices acima de 80%. “O povo está mais consciente e as pessoas têm mais informações. O que precisa é colocar em prática”, acredita Leivas. Para que isso ocorra, recomenda-se observar os hábitos alimentares com maior atenção e praticar exercícios. “Qualquer atividade física é melhor do que não fazer”, completa Carisi.
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