FALTOU:
1) “pedir aos presidentes do Legislativo que pautem a destinação de 10% dos
recursos da União para a saúde”;
2) “manifestar apoio à intenção do presidente do Supremo Tribunal Federal
de acelerar o julgamento do mensalão”.
Se não fosse
pelo elogio ao caráter democrático das manifestações ainda em curso e a
necessária e repetida condenação ao uso da violência, o discurso feito há
pouco pela presidente Dilma Rousseff poderia, com alguns ajustes, ter sido
pronunciado em qualquer outra ocasião. No Dia do Trabalho, por exemplo, no 7 de
setembro, na passagem do ano.
Do discurso de
10 minutos não ficou nenhuma frase da qual as pessoas se lembrarão mais tarde.
E nenhuma proposta da qual se possa dizer: "Está aí uma boa idéia".
Dilma falou em
reforma política - seus antecessores também falaram. Nenhum fez. E acenou com
100% dos royalties do petróleo do pré-sal para a educação. Há mais de um
ano que ela acena com essa proposta. Prometeu reunir-se com
governadores e prefeitos para acertar uma fórmula de atender às principais
reinvindicações da chamada "voz das ruas".
E anunciou sua
disposição de receber os líderes das manifestações em audiências privadas. O
difícil será identificá-los. Uma das marcas fortes dos atuais protestos é a ausência
de líderes. Era um pronunciamento necessário - e Dilma teve a
sensibilidade de ceder às sugestões para fazê-lo. Foi um pronunciamento
que pouco acrescentou.
Na Barra, Rio
de Janeiro, na região do Shopping Down Town, moradores foram surpreendidos por
uma sonora vaia que irrompeu tão logo Dilma começou a discursar.
Alguns foram
para janelas e sacadas interessados em saber o que se passava. E de lá
viram dezenas de seus vizinhos em janelas e sacadas vaiando e gritando
"Fora, Dilma". Um desses moradores teve o cuidado de gravar o
que ouviu.
- Ricardo
Noblat -
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