Tecnologia 3D começa a dar sinais de saturação
Após o festejado revival em 2009 com o filme ‘Avatar’, de James Cameron, o recurso perde público nos Estados Unidos. A tendência de queda, ainda não espelhada no Brasil, pode ser explicada pela má utilização do efeito e pelo consequente desequilíbrio na relação custo-benefício
Quando o longa Avatar estreou, no final de 2009, a impressão que se tinha era de que o cinema nunca mais seria o mesmo. Dirigido e idealizado por James Cameron, o filme deu um passo adiante no uso da tecnologia em uma produção, com a mistura de imagens de atores reais em 3D e composições de cenários e personagens feitas em computadores. O resultado foi um filme aclamado pela crítica por sua beleza e, ao mesmo tempo, bem recebido pelo público, que o transformou na maior bilheteria de todos os tempos: 2,7 bilhões de dólares, no total. O impacto se deu pela maneira original como Cameron usava o 3D – ele criou equipamentos próprios para isso – e fazia o espectador se sentir dentro do filme. Daí se explicam as estatísticas de Avatar, que somente no fim de semana de estreia nos Estados Unidos teve 71% de sua arrecadação oriunda das salas que exibiam cópias em três dimensões.
As produções que estrearam na sequência seguiram o caminho mostrado por James Cameron. De acordo com dados do site Box Office Mojo. Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, conseguiu 70% de sua bilheteria de estreia, de 116,1 milhões de dólares, com as exibições em 3D. No caso de Tron: O Legado, de Joseph Kosinski, a fatia do 3D foi de surpreendentes 82% da arrecadação de 44 milhões de dólares no fim de semana de estreia. A aposta na tecnologia era tamanha que até diretores experientes e consagrados como Martin Scorsese (e seu Hugo, indicado ao Oscar de melhor filme em 2012) embarcaram nas três dimensões. Havia quem imaginasse que o cinema jamais abriria mão do 3D.
O que se vê hoje, porém, é uma saturação da tecnologia. Entre junho e julho, no intervalo de duas semanas, duas produções se sucederam no posto de pior estreia em 3D da história. Somente 27% da arrecadação da animação Meu Malvado Favorito 2 no primeiro fim de semana de exibição, nos EUA, veio das salas 3D. Quinze dias antes, outra animação, Universidade Monstros, fez 31% de sua bilheteria com cópias que exigem óculos especiais. E o mau desempenho do 3D não se restringe a animações. Na estreia do novo longa de Brad Pitt, Guerra Mundial Z, apenas 34% dos ingressos comprados eram para sessões em 3D, resultado pouco melhor que o de O Grande Gatsby, com 33%.
Se a tecnologia começou a dar sinais de cansaço em 2012, com longas como Madagascar 3: Os Procurados e sua fatia 45% para o 3D, 2013 parece ser o ano da debacle.