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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

DILMA MANTÉM VETOS DO PROJETO do '' ATO MÉDICO''

"É uma página negra na história do parlamento", afirma presidente do Simers
Paulo de Argollo Mendes lamentou o que define como a "oficialização do curandeirismo"

A manutenção dos vetos da presidente Dilma Rousseff a artigos do projeto do Ato Médico, votado pelo Congresso Nacional em sessão conturbada na madrugada desta quarta-feira, é avaliado de forma negativa pela classe médica gaúcha. Segundo o presidente do Sindicato Médico do Estado (Simers), Paulo de Argollo Mendes, a decisão dos congressistas oficializa o curandeirismo no país:

— Temíamos essa decisão, uma vez que houve a liberação de quase R$ 2 bilhões para emendas parlamentares, acho que nunca houve isso. O congresso, que tinha aprovado a lei, voltou atrás, se envergou. É uma página negra na história do parlamento brasileiro.

Assim, conforme Argollo, a partir de agora qualquer um pode diagnosticar e tratar, não sendo mais atividade privativa dos médicos. As entidades médicas devem se reunir para debater que medidas serão tomadas.

— Mais do que as prerrogativas do médico, queremos defender o paciente do SUS (Serviço Único de Saúde). Agora, quando o usuário do SUS procurar atendimento médico, ele será atendido por quem estiver disponível, não necessariamente um médico, criando um cidadão de segunda categoria, pois aquele que paga pelo atendimento, dificilmente não será atendido por um médico — conclui.

Fenam também critica vetos

A medida foi criticada nesta quarta-feira pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). O presidente da entidade, Geraldo Ferreira, disse, em nota, que a categoria continuará a lutar por "dignidade do exercício da medicina, condições de trabalho adequadas, remuneração justa e melhor financiamento da saúde pública".

"Esperávamos pela derrubada (dos vetos do Palácio do Planalto), mas a manutenção não vai enfraquecer nossa luta em defesa da profissão e de uma assistência de qualidade à população', disse Ferreira na nota.

Na avaliação do presidente da Fenam, a sociedade perde com a decisão. "As equipes são multidisciplinares e os profissionais precisam um do outro. Não pode haver equipes de trabalho sem a presença de médicos, como pretende o governo", acrescentou.

Sessão

A votação foi feita por meio de cédula única, em que os parlamentares marcaram se aceitavam ou não os vetos do Executivo, relacionados a quatro textos aprovados pelo Congresso. É necessário o apoio de 257 deputados e 41 senadores para derrubar um veto.
Outra sessão do Congresso já foi marcada para o dia 17 de setembro, para a análise de outros vetos que até lá trancarão a pauta, por excederem prazo de 30 dias para votação, de acordo com novas regras definidas por líderes partidários em julho.

ZERO HORA E AGÊNCIA BRASIL


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