Levantamento do grupo ConvergEx mostra quantas horas uma pessoa que ganha um salário mínimo precisa trabalhar para comprar o sanduíche em 22 países
A revista britânica The Economist publica desde 1986 o “Índice Big Mac”, que avalia se as moedas de cada país estão (des)valorizadas usando o preço do sanduíche como referência. No mês passado, o Brasil apareceu em 5º lugar, indicando uma valorização excessiva do real de 16% em relação ao dólar.
Estrategistas de mercado do grupo ConvergEx, uma corretora global com sede em Nova York, divulgaram hoje os resultados de uma outra versão do levantamento. A pergunta foi: quantos minutos alguém que ganha um salário mínimo por mês precisa trabalhar para comprar um Big Mac?
No Brasil, 172 minutos - quase três horas. Com salário mínimo de US$ 1,98 por hora e um Big Mac a US$ 5,68, o país ficou em 16º lugar entre os 22 pesquisados, atrás da Rússia (156 minutos) e na frente da China (183 minutos).
Na Argentina, são 72 minutos; na Índia, 6 horas. Com salário mínimo de 3 centavos de dólar por hora, Serra Leoa ficou em último lugar: lá, uma pessoa precisa trabalhar 136 horas para comprar um único sanduíche.
O topo do ranking ficou com a Austrália, onde um trabalhador que ganha o salário mínimo de 16,88 dólares por hora consegue comprar um Big Mac com apenas 18 minutos de trabalho. Canadá, Japão, França e Reino Unido estão mais ou menos juntos no patamar de cerca de meia hora de salário necessária para adquirir o sanduíche.
Cenário...
O timing da pesquisa não é acidental. Nas últimas semanas, milhares de trabalhadores de redes de fast food nos Estados Unidos fizeram greves e protestos em várias grandes cidades pedindo para que o salário mínimo seja mais do que dobrado, de 7,25 para 15 dólares por hora. São necessários 36 minutos de trabalho para comprar um Big Mac no país.
Historicamente, empregos nas redes de fast food eram ocupados por jovens ou serviam como renda complementar das famílias. Com a deterioração do mercado de trabalho americano desde a crise de 2008, as vagas nos restaurantes tem sido cada vez mais ocupadas por chefes de família que contam com este tipo de trabalho como sua principal (ou única) fonte de renda.
O presidente Barack Obama já defendeu que o salário mínimo nacional, que não é reajustado desde 2009, suba para 9 dólares por hora. As associações de restaurantes alegam que o aumento causaria desemprego e que há grande variação dentro do país, uma vez que alguns estados americanos já tem leis exigindo valores mais altos.
O estudo da ConvergEx concluiu que o salário mínimo americano não está muito baixo se comparado aos outros países desenvolvidos, mas que o país destoa, no entanto, por oferecer apenas 9% da remuneração através de benefícios, contra uma média internacional de 16,2%.