Há 50 anos, Cassius Clay conquistava seu 1º título mundial e dava início à lenda Muhammad Ali
Com informações do ESPN.com.br
Foi em um 25 de fevereiro de 1964 que Cassius Clay assombrava o mundo. O nocaute técnico sobre o então campeão Sonny Liston garantiria àquele garoto atrevido seu primeiro título mundial dos pesos pesados. Nos dias seguintes, Clay deixaria de existir, dando lugar a uma verdadeira lenda do esporte mundial: Muhammad Ali. Dias depois da conquista, o moleque com ar dos mais petulantes mudava de nome e se eternizava na história do esporte.
A história cinematográfica teve início muito antes. Da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, a uma das lutas mais emblemáticas da história do boxe, quatro anos depois, Clay conquistou 19 vitórias, sendo 15 por nocaute, e nenhuma derrota. A trajetória meteórica daquele moleque de 22 anos, rápido, forte e de uma língua mais do que afiada, o credenciava a desafiar ao favorito Liston, 31 anos, 35 vitórias, 24 por nocaute e 1 derrota.
O palco foi o Convention Hall, em Miami Beach, na Flórida. A vitória de Liston chegou a ser tratada por muitos como uma verdadeira barbada. Afinal, eram 28 vitórias seguidas. Nas duas últimas vezes que entrara no ringue, havia derrotado Floyd Patterson: a primeira para conquistar o título, a segunda para defender o cinturão, com um nocaute arrasador no primeiro round. Assim, muitos, inclusive especialistas, apontavam nova vitória, mais uma vez nos primeiros assaltos.
Por outro lado, mesmo com um retrospecto positivo e um ouro olímpico no currículo, Clay era apontado como o grande azarão da noite. Nas casas de apostas, uma vitória sua sobre o campeão pagava impressionantes 7 para 1.
Há 50 anos, o boxe era um esporte de multidões, uma "nobre arte" que parava cidades, países, ainda mais quando o assunto era o cinturão dos pesados. Por isso, tudo que era dito ganhava proporções gigantescas. Pensando em toda a situação - zebra, desafiante, 9 anos mais jovem -, Clay aproveitou esse "amplificador" como poucos e fez com que a luta começasse muito antes de soar o gongo para o primeiro round.
Boxe à parte, Clay tinha enorme habilidade em atingir seus oponentes verbalmente, talvez o melhor e mais eficiente da história nesse quesito. Contra Liston, o "trash talk" começou bem antes da luta e continuou nas entrevistas depois do combate. Durante as entrevistas pré-disputa, ele provocou, referindo-se ao rival como "O Grande Urso Feio" ("The Big Ugly Bear"), um trocadilho com o apelido dele, "Grande Urso" ("Big Bear"). Isso não era nada do que estava por vir.
A tensão tomou conta do ar. A pressão arterial de Clay passou de 54 para 120, de acordo com seu médico, tamanha era a sua ferocidade. Foi na pesagem que o garoto proferiu uma frase que se eternizou no mundo do esporte. Perguntado como iria se aproximar de Liston, ele disse: "Voe como uma borboleta, ferroe como uma abelha" ("Float like a butterfly, sting like a bee"), hoje estampada em milhares de camiseta espalhadas pelo planeta.
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