A não convocação do dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, adiada na última quinta-feira (14), expôs um racha do PT na CPI do Cachoeira.
Horas antes da convocação ser discutida, o líder do partido no Senado, Walter Pinheiro (PT-BA), e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) chegaram a protagonizar um bate-boca.
Para perplexidade de peemedebistas e petistas, os dois trocaram insultos após um jantar --do qual Pinheiro não participara-- na casa de Vaccarezza. A divisão frustrou os planos de emissários do governo e de lulistas, contrários à convocação de Cavendish e do ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot.
Temendo que o PAC virasse alvo da CPI, o governo recomendou, segundo integrantes da comissão, que a investigação ficasse restrita ao esquema de Carlinhos Cachoeira e que os pedidos de convocação fossem enterrados.
Mas, rachado, o PT só concordou com o adiamento da votação. Até então latente, a crise foi explicitada à 0h30 de quinta-feira passada, quando Pinheiro foi chamado à casa de Vaccarezza, onde aliados traçavam, num jantar, a estratégia para a sessão.
Sem se sentar, Pinheiro sugeriu que a base governista explorasse o pedido de convocação da presidente Dilma Rousseff para acusar a oposição de politização do debate. Sua ideia era derrubar a reunião da CPI da tarde seguinte.
Vaccarezza sugeriu que Pinheiro comprasse uma emissora de TV para difundir seu ponto de vista. Pinheiro alegou que conversara com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), sobre a situação. Ouviu: "Você e o Braga não sabem o que está acontecendo na CPI".
"Só você sabe tudo", gritou Pinheiro, segundo participantes.
Sem acordo, petistas optaram por uma fórmula intermediária. Ainda assim, parlamentares do PMDB, PTB e PDT votaram pela convocação de Cavendish.
DISSONÂNCIA
A dissonância da bancada preocupa governo e petistas. Na semana passada, ao participar pela primeira vez da reunião do partido, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que estava informado sobre as divergências na bancada, especialmente entre senadores e deputados, e que por isso acompanharia de perto o trabalho do PT na comissão.
O comando do PT também tem se reunido para discutir os passos do partido. Mas, com o calor da discussão, senadores e deputados, que já divergiam sobre a origem da CPI, disputam ainda mais o comando do trabalho. As divergências vão do timing da convocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), à quebra de sigilo de empresas.
DEBANDADA
Integrantes da equipe de investigação montada pelo relator Odair Cunha (PT-MG) já abandonaram os postos em pleno curso da CPI. Das três baixas, só um se deu o trabalho de justificar a saída: motivos pessoais.
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