Gurgel diz ficar frustrado por deixar cargo antes das prisões do mensalão
O mandato de Gurgel termina em 15 de agosto, um dia depois que o deverá STF iniciar a apreciação dos recursos apresentados pelos réus da Ação Penal 470
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quinta-feira (8/8) que se sente frustrado por deixar o cargo antes de os réus condenados no julgamento do mensalão irem para a cadeia. O mandato de Gurgel termina em 15 de agosto, um dia depois da data prevista para que o Supremo Tribunal Federal (STF) inicie a apreciação dos recursos apresentados pelos réus da Ação Penal 470. A expectativa é de que ele participe de no máximo duas sessões.
"Frustração existe sim", admitiu Gurgel |
“Se se iniciar no dia 14, eu participarei pelo menos da primeira sessão relacionada ao julgamento do recurso. Frustração existe sim. Eu preferiria deixar o cargo com a decisão condenatória já sendo cumprida efetivamente. Ou seja, com a perda de mandatos parlamentares e com a expedição dos mandados de prisão em relação àqueles réus condenados a penas privativas de liberdade”, destacou o procurador-geral, em entrevista coletiva.
Roberto Gurgel ressaltou, no entanto, a importância do julgamento do mensalão, concluído no fim do ano passado com a condenação de 25 réus. Segundo ele, este processo “mostra que todos os cidadãos brasileiros estão ao alcance do sistema de Justiça”.
VACÂNCIA do cargo
Na avaliação de Gurgel, a vacância no cargo de procurador-geral será ruim para o julgamento dos recursos do mensalão. Ele mostrou-se insatisfeito com o fato de a presidente Dilma Rousseff não ter escolhido seu sucessor, o que levará o cargo a ficar vago por tempo indeterminado, pois, após a indicação, o nome escolhido ainda será submetido a sabatina no Senado antes da nomeação.
“Não há dúvida que é (ruim para o julgamento). O ideal seria que nós tivéssemos a transmissão do cargo já para o colega ou a colega que vai me substituir. Infelizmente, tem demorado muito. Nas três últimas oportunidades pelo menos houve essa interinidade, que é indesejável e não faz bem a instituição”, frisou.
Ele observou, porém, que a Procuradoria-Geral da República não ficará sem representação no Supremo, uma vez que um procurador interino atuará no plenário durante o período de vacância. O substituto será o vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que será eleito na próxima terça-feira para ocupar o cargo hoje exercido pela subprocuradora-geral Maria Caetana. “O colega ou a colega que me substituir sem dúvida conduzirá da melhor forma ou até melhor do que eu fiz esse trabalho, que é tão importante.”