O novo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, disse que a Igreja Católica precisa voltar para as suas origens eclesiásticas e rediscutir algumas regras impostas pelos homens, privilegiando os ensinamentos de Jesus.
Em entrevista ao jornal venezuelano "El Universal" no domingo (8), o atual núncio no país sul-americano propôs a discussão do celibato aos padres e freiras. Para ele, o veto ao sexo aos religiosos "não é um dogma da Igreja, mas um preceito que pode ser discutido porque é uma tradição eclesiástica".
No entanto, considera que este é um desafio para o papa Francisco. "O esforço que a Igreja fez para instituir o celibato eclesiástico deve ser considerado. Não se pode dizer, simplesmente, que pertence ao passado. Todas essas decisões devem ser assumidas como uma forma de unir a Igreja, não de dividi-la".
Parolin, que se transforma no número dois do Vaticano em outubro, colocou o veto como uma das discussões da reforma na Igreja Católica, que começaram a serem promovidas pelo papa Francisco. Apesar no avanço no celibato, descarta qualquer mudança em relação à posição sobre a homossexualidade.
"O papa está dizendo que a doutrina da Igreja é muito clara sobre esse ponto moral. Jesus nos pede que cresçamos e adequamos à imagem que têm de nós. Só Deus pode julgar a conduta de cada um e isso disse o papa".
UNIÃO
A respeito das reformas, Parolin reitera que a decisão será tomada por Francisco, embora considere que o pontífice possa consultar outros cardeais. "Sempre foi dito que a Igreja não é uma democracia. Mas é bom, atualmente, que haja um espírito mais democrático, e creio que o Papa tem feito isso".
Desde a eleição em março de Francisco, uma ampla reforma da Cúria --governo do Vaticano-- está em andamento. O papa nomeou várias comissões encarregadas de tratar das mudanças nesta instituição e da lavagem de dinheiro do Vaticano.
O novo secretário de Estado acredita que o pontífice tenha colocado como prioridade o combate à corrupção por ser latino-americano. "Ele a enfrentou na Argentina, e agora retoma com o que condenou como arcebispo. Esse é um ponto fundamental de trabalho porque a corrupção acaba com as sociedades e os Estados".
As grandes linhas da reforma da Cúria serão anunciadas no início de outubro. Parolin, 58, era núncio da Venezuela desde agosto de 2009. Sua gestão foi marcada pelas tensões entre o episcopado venezuelano e o governo de Hugo Chávez, morto em março.