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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

FALTA DE ÁGUA EM PELOTAS - SEGUE O PROBLEMA

Falta de água é problema distante da solução
Problema em residências que enfrentam a escassez permanece desde dezembro

Por: Cássia Medronha - Diário popular 

A maioria dos moradores parece estar ciente de que o problema de falta de água no período está longe de ser resolvido de imediato. A rotina de conviver com um fio de água na torneira durante o dia e a espera pelo abastecimento das caixas d'água particulares durante a noite já está tão impregnada no dia a dia de muitos pelotenses que o problema já não parece ser novidade.
Kamila Alves - Especial DP

A reportagem do Diário Popular voltou a alguns bairros que se manifestaram contra a falta de água na última semana e percebeu que o desabastecimento foi amenizado, mas está longe de deixar a população satisfeita.

O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) anunciou a colocação de uma bomba de pressão de água no Reservatório R8, localizado na vila Bom Jesus, que promete acelerar o abastecimento e amenizar o problema de fornecimento nas regiões do Areal e praias do Laranjal. Porém, a intenção só será concluída com a entrega da bomba fabricada por um empresa que está em período de férias coletivas, com o prazo estimado de instalação na R8 de 40 a 50 dias, segundo o diretor-presidente do Sanep, Jacques Reydams.

Enquanto isso, a solução encontrada pela autarquia foi redirecionar o fornecimento de parte da área urbana para a praia do Laranjal, com uma modificação em um registro localizado na avenida Ferreira Viana. De acordo com a administração do Sanep, até o dia 5 de janeiro se esperava que o consumo de água diminuísse pelo número de pessoas que deixaria a cidade em período de férias. Nesta época, boa parte também se desloca para as casas do Laranjal, justificando o redirecionamento.

O Sanep associa boa parte dos problemas de desabastecimento ou diminuição na pressão às frequentes interrupções na energia elétrica. Enquanto não há uma solução imediata de abundância de distribuição, opera com quatro caminhões-pipa para distribuir água potável nas regiões com crise de abastecimento.

Ainda em janeiro inicia-se o processo licitatório para a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, que uma vez em funcionamento promete solucionar definitivamente o problema de abastecimento de água no município. O material para a obra, licitado no final de 2012, está sendo recebido pelo Sanep semanalmente. Ao todo serão 1.400 tubulações utilizadas na construção.

Bairro Areal
Na rua Conselheiro Silveira Martins, o estabelecimento comercial de João Alberto Lessa possui duas caixas com capacidade de 500 litros. Uma para o bar e uma para a casa, ambas não conseguem ser cheias durante a noite, período em que a pressão da água se mostra mais forte. Lessa ainda mantém a estratégia de encher baldes e garrafas PETs com a água das torneiras mais baixas para usar durante o dia.

Morador do Areal há 45 anos, ele começou a notar o problema nos últimos cinco anos, sempre na entrada do verão. "Na virada do ano não tínhamos água mesmo, mas continuo enchendo os baldes porque ela ainda vem fraca" explica.

Na mesma rua, poucas quadras abaixo, um homem que não quis se identificar estava lavando o carro, por volta das 10h de sábado. Com a água da torneira já fraca e um balde cheio, disse que acordou cedo para garantir um pouco do que é de seu direito. "Trabalho o dia todo e quando quero tomar um banho não tem força na água. Eu já pago pelo que sai da minha torneira, tenho que pagar mais para lavar meu carro?", questionou, indignado com o problema que, segundo ele, sempre existiu no bairro.

Praia do Laranjal
A água ainda está fraca nos balneários Santo Antônio e Valverde, sem potência para chegar até as caixas de reservatórios que se encontram em pontos mais altos das casas. A solução da maioria dos moradores é ter uma caixa junto ao chão, com uma bomba que leve a água até o restante do encanamento residencial.

Nos estabelecimentos comerciais, a sensação de quem espera o ano todo para lucrar com as vendas de verão é frustrada por problemas de abastecimento que atingem a todos. Na última semana a água apareceu tímida.

O comerciante José Pinheiro, morador há 43 anos, acredita que as casas no balneário aumentaram muito em quantidade. Além disso, a população no verão fica três vezes maior. "Se não colocarem outra caixa d'água na praia, não sei como será quando os residenciais do caminho da cidade até aqui estiverem prontos. A água não chegará pra nós", estima.

"Se todo ano acontece a falta de água, por que a prefeitura não toma uma medida preventiva?", questiona a moradora Jaqueline Jacondino, 52. Cansada de passar sempre pelo mesmo episódio, ela não entende o porquê de a liberação de água para o balneário não ocorrer antes do fim do ano, quando houve a necessidade.

"Parece que como um passe de mágica eles solucionaram no dia 5 a falta que durou 25 dias", comenta. "Acho o cúmulo ter que ficar subindo em uma escada diariamente para ver se tem água na minha caixa d'água, quando é um direito meu que ela esteja lá", finaliza Jaqueline.

Avenida Ferreira Viana
No condomínio residencial PAR Princesa do Sul, localizado na avenida Ferreira Viana, a falta de água desde a entrada do verão agravou-se com problemas administrativos no abastecimento. Depois de ficar terça e quarta-feira passadas sem água, o Sanep encaminhou um caminhão-pipa de 15 mil litros para abastecer uma caixa de água baixa dentro do residencial. Mesmo com a assistência, os moradores reclamam das condições de distribuição precária dos encanamentos e dos esgotos estourados.

Com a constante ausência de água nas casas, moradores entraram em contato com o Diário Popular sem saber a quem recorrer, já que, segundo eles, a responsabilidade é empurrada de uma empresa para a outra. Um caixa externa com capacidade de 25 mil litros foi improvisada pelo condomínio, já que a maior, com capacidade de mais de 50 mil litros, não consegue ser cheia. O residencial possui 260 casas.

Histórico dos problemas

17 de dezembro de 2013
Moradores do bairro Areal reclamaram da falta de água no últimos dois meses. A interferência do Shopping Pelotas no abastecimento de água, porém, foi desmitificada pelo Sanep.

31 de dezembro 2013
O problema com a falta de água se mostrava desde o início do mês de dezembro de 2013. O anúncio foi de que a virada do ano para os moradores do Laranjal seria sem água. O Sanep argumentou estar no limite da sua produção de água.

3 de janeiro 2014
No dia 3 de janeiro um grupo de moradores da rua Francisco Moreira, bairro Areal, organizou um abaixo-assinado com 60 assinaturas para encaminhar ao Ministério Público. Os motivos eram a falta de água, a inconstância pelas torneiras mais baixas da rua, tubulações antigas e a persistência do problema por anos. No Laranjal uma reunião promovida pela Associação Comunitária foi marcada para discutir a falta de água. Já o município de Capão do Leão, sob responsabilidade da Corsan, chegou a registrar dez dias sem o líquido.

6 de janeiro de 2014
Decisão dos moradores do Laranjal de recorrer ao Ministério Público pela falta de água gerou outro abaixo-assinado. A administração do Sanep previa a instalação do Booster para solucionar o problema em 15 dias.

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