Às vésperas de referendo, Parlamento homologa declaração de independência, aprovada em votação na semana passada
O Estado de S. Paulo
O parlamento regional da Crimeia aprovou nesta terça-feira, 11, durante sessão extraordinária, uma declaração de independência da Ucrânia para se juntar ao território russo. Segundo a agência russa Interfax, esse é mais um passo processual necessário para o território pedir a homologação da incorporação com a Rússia. A decisão emergencial ocorre antes do referendo marcado para o próximo domingo, que vai consultar a população sobre a decisão. Na semana passada, o Parlamento já havia votado a favor da separação.
A separação foi aprovada por 78 dos 100 membros do parlamento crimeniano. "Esse documento é muito importante para reforçar nosso referendo e ajudar a Crimeia a se incorporar a Rússia", informou o Parlamento em comunicado.
O Parlamento da Ucrânia ameaçou dissolver a Assembleia Regional da Crimeia, majoritariamente pró-Rússia, caso ela não volte atrás da decisão de convocar o referendo.
Hoje pela manhã, o presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, disse que ainda se considera o presidente legítimo do país e que as eleições marcadas para maio são ilegais. Em comunicado entregue na Rússia, onde está refugiado, Yanukovich não emitiu opinião sobre o referendo na Crimeia. Contudo, culpou o governo interino por alimentar as divisões que têm impulsionado a dissolução da península na Ucrânia.
"A Ucrânia está passando por um momento difícil", disse Yanukovich. "Suas divergências levaram à cisão da Crimeia. Acima de tudo, vamos sobreviver a este tumulto".
Guarda Nacional. O presidente em exercício da Ucrânia, Oleksandr Turchynov, pediu nesta terça-feira a formação de uma Guarda Nacional para combater os movimentos militares russos no país. O Parlamento Nacional vai avaliar a possibilidade de transformar as tropas do Ministério do Interior em uma guarda defensiva, incluindo todos os voluntários e membros do Exército.
O primeiro-ministro interino do país, Arseniy Yatsenyuk, viaja amanhã para Washington, nos Estados Unidos, para se encontrar com o presidente Barack Obama. Ele tem intensificando os pedidos às nações ocidentais para que defendam a Ucrânia contra um país (Rússia) "que está armado até os dentes e tem armas nucleares".
Espaço aéreo fechado. Mais cedo, o governo da Crimeia fechou o espaço aérea para voos comerciais, cinco dias antes da realização de um referendo organizado por autoridades pró-Rússia para unir a região no mar Negro à Federação Russa.
Um avião ucraniano, que partiu de Kiev a Simferopol, teve de retornar nesta terça-feira à capital ucraniana. O comandante comunicou aos passageiros que autoridades da Crimeia haviam fechado o espaço aéreo para todos os voos comerciais. / AP e REUTERS