Greve de funcionários da CEEE eleva risco de falta de luz em caso de temporais
Eletricitários decidem nesta segunda-feira se acatam ordem do Tribunal Regional do Trabalho para garantir o retorno de 70% dos trabalhadores
Em greve há uma semana, os eletricitários do grupo CEEE fazem assembleias na manhã desta segunda-feira para decidir se acatam decisão judicial que determina o retorno ao trabalho de ao menos 70% do pessoal da área operacional e do call center. A direção da estatal admite risco de lentidão no restabelecimento de energia, caso haja interrupção por temporais, em decorrência da paralisação.
Presidente da CEEE, Gerson Carrion sustenta que, no call center, o percentual de pessoas trabalhando é inferior a 30%. Na área operacional, parte dos serviços é suprida por empresas terceirizadas. Mesmo assim, Carrion admite o risco de os consumidores enfrentarem transtornos caso a região atendida pela companhia seja atingida por temporais, hipótese não descartada nesta semana.
— Estamos sob calor intenso, e o tempo pode mudar. Temos uma cidade (Porto Alegre) extremamente arborizada e pode haver lentidão para o sistema voltar à normalidade. Se acontecer um temporal, teremos reflexos — reconhece Carrion.
Segundo a CEEE, a adesão à greve no braço de distribuição do grupo é de cerca de 50%. Na área de geração chega a 25%, e na transmissão, 10%. Apesar de um quarto do pessoal que trabalha nas usinas estar de braços cruzados, Carrion assegura que a geração de energia não sofreu qualquer prejuízo até agora, na primeira greve da categoria em duas décadas.
Durante o fim de semana, a categoria descumpriu liminar concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT) à estatal que deveria garantir os serviços essenciais de energia durante a paralisação.
O descumprimento implica multa diária de R$ 50 mil ao Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), mas o presidente da entidade, Danilo Garcia, avalia que a decisão será manter o percentual de apenas 30% de prontidão até quarta-feira, quando será realizada uma audiência de conciliação no TRT.
— O Senergisul não tem como pegar ninguém pelo pescoço no fim de semana e levar para trabalhar. É uma determinação judicial, sabemos os riscos, mas a decisão é da assembleia — diz Garcia, ressaltando que, se a entidade tiver de pagar a multa, o dinheiro sairá das contribuições dos associados ligados à empresa.
Enquanto a categoria pede reajuste de 12%, a CEEE só oferece a reposição da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A complicada situação financeira da estatal impediria uma oferta maior. Segundo Carrion, 94% da receita líquida está hoje comprometida com a folha de pagamento. Em 2012, o grupo teve prejuízo de R$ 438,9 milhões. Os números do ano passado não devem ser muito diferentes.
— Nosso balanço será publicado dia 15 e vai mostrar prejuízo de mais de R$ 400 milhões. Passa de R$ 200 milhões na distribuição e chega a quase R$ 200 milhões na parte de geração e distribuição — adianta Carrion.
Com informações da Zero Hora