Dilma falou sobre a privatização dos aeroportos
BRASÍLIA E SÃO PAULO — O resultado final do leilão de três dos
principais aeroportos do país foi comemorado pelo governo. A presidente
Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que espera uma gestão eficiente
dos concessionários dos três aeroportos entregues à iniciativa privada
(Guarulhos, Brasília e Campinas).
- Vocês sabem, né? No governo é
assim: termina uma etapa e começa outra. Agora é fazer com que isso
ocorra. Ou seja, a administração eficiente dos três aeroportos - afirmou
a presidente ao final da posse do novo ministro das Cidades, Aguinaldo
Ribeiro.
O leilão de privatização de três dos aeroportos mais
movimentados do país surpreendeu o governo, ao levantar R$ 24,5 bilhões,
348% acima do preço mínimo. O ministro da Secretaria de Aviação Civil,
Wagner Bittencourt, disse que o ágio mostrou que o país é um ambiente
seguro para o investimento.
— De novo o Brasil deu uma
demonstração que é um ambiente seguro de investimento. Ter um certame
com tanta disputa mostra isso — afirmou Bittencourt.
Questionado
sobre a concessão dos aeroportos e a histórica oposição do PT às
privatizações, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), respondeu :
-
Eu já defendi lá na CPI (do Apagão Aéreo) que, no caso específico dos
aeroportos, nós tínhamos que abrir o capital da Infraero e permitir que
houvesse investimentos privados nos aeroportos. É uma área que não é
estratégica, que não é fundamental para o funcionamento do Estado
brasileiro, mas é fundamental para o funcionamento do país. Quanto mais
investimento privado nós tivermos, quanto mais recursos privado tiver
nos aeroportos, mais recursos vai sobrar para a saúde, para a educação,
investimento em infraestrutura e outras áreas que são fundamentais para o
país. Eu acho que é um avanço
Ele também defendeu a abertura de
capital das empresas áreas brasileiras para investidores internacionais,
com o objetivo de fazer com que elas tenham mais recursos para
investimento.
Empresas comentam estratégias vencedoras
O
presidente da Invepar que arrematou o aeroporto de Guarulhos, Gustavo
Rocha, disse que jogou para ganhar e que fez estudos por oito meses com
mais de cem pessoas para chegar aos R$ 16,2 bilhões oferecidos. O valor
foi tão alto que o aeroporto não teve novos lances.
— Não tenho
dúvida que é uma ótima oportunidade de investimento e que vamos entregar
aos acionistas e aos usuários o que eles esperam — afirmou Rocha, que
estima para entre 2016 e 2017 um movimento de entre 50 e 55 milhões de
passageiros em Guarulhos, projeção acima do mercado.
O presidente
da Triunfo, Carlo Bottarelli, apesar de reconhecer que as ações de sua
empresa caíram 6% após conquistar o aeroporto de Viracopos lembrou que o
ágio pago pelo aeroporto foi o menor dentre os três ofertados:
— A dinâmica do leilão mostrou que cada grupo tinha um foco. Num jogo desse tínhamos que dar um winner na entrada. Estamos confiantes.
Já
o diretor-executivo da Engevix, José Antunes Sobrinho, que representava
o consórcio Inframérica e arrematou o aeroporto de Brasília, disse
estar confiante no equilíbrio do negócio. Segundo ele, os cálculos para o
lance levaram em conta diversas possibilidades de rentabilizar o
aeroporto, desde venda de combustíveis até exploração comercial da
infraestrutura.
Questionado sobre o fato de só terem operadoras de
aeroportos de países emergentes, o ministro Wagner Bittencourt disse
que acredita nessas empresas que operam em vários países e transportam
milhares de passageiros por ano:
— O fato de ser um país emergente
não diminui ninguém, senão teríamos um complexo de vira-lata eterno. A
gente não pode ter preconceito da origem do capital. É uma pena que
outros não tenham tido tanta ambição no bom sentido, de reconhecer a
capacidade e oportunidade que é desenvolver negócios no país. Os três
grupos vencedores confirmaram que o principal financiador será o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que estudarão
outras formas no futuro como as recém-regulamentadas debêntures de
infraestrutura lançadas pelo governo, além da abertura de capital. A
Invepar admitiu que estuda abrir o seu capital num período de 12 a 24
meses.
A administração dos aeroportos deve ser transferida aos
consórcios vencedores no início de maio. Segundo os consórcios
vencedores, os usuários devem começar a sentir as mudanças de gestão até
o fim do ano.
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