Editor do "NYT" defende jornalismo de qualidade diante de ameaças econômicas
Arthur Sulzberger Jr |
O editor do "The New York Times", Arthur Sulzberger Jr, disse nesta segunda-feira em São Paulo que o futuro do jornalismo - uma profissão que continuará sendo necessária - é internacional e digital e rejeitou as políticas de redução de custos que levam a uma menor qualidade informativa.
Sulzberger Jr, que participou hoje da 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), defendeu a aposta em histórias de qualidade e em tornar o cidadão o foco da atividade informativa.
"Para nós o futuro do jornalismo é crescentemente digital e crescentemente global", declarou o jornalista, que afirmou que a intenção é distribuir notícias em todas as plataformas disponíveis e acrescentou que seu jornal tem dois milhões de assinaturas no formato impresso e digital.
Além disso, falou que sua missão é criar, recopilar e distribuir informação e opinião da "mais alta qualidade" e destacou a vocação internacional que deve ter a atividade jornalística em um contexto em que as notícias são divulgadas com grande rapidez por todo o mundo.
O editor especificou que seu jornal tem mais correspondentes na atualidade que em qualquer outro momento de sua história e mostrou seu desacordo com a tendência de considerar aceitáveis publicações informativas de qualidade menor por conta de pressões financeiras.
O jornalista garantiu que o "NYT" não reduzirá suas operações no terreno para reduzir os custos como foi feito em muitas organizações de notícias.
Sulzberger Jr acrescentou que o informador tem que se lembrar "todos os dias" de tornar o cidadão o consumidor e o potencial consumidor, na parte central de seu trabalho.
Ele considerou que se continuarem a ser publicadas peças jornalísticas de boa qualidade, o futuro do jornalismo - uma profissão absolutamente necessária - permanecerá "forte e seguro", embora seja necessário se adaptar às mudanças.
Sobre o novo portal para o Brasil, em português e com sede em São Paulo, Sulzberger Jr disse que "agora é o momento de investir no país", um lugar do qual destacou sua importância econômica, sua "cultura vibrante" e a "curiosidade intelectual dos brasileiros" que parece "ilimitada".
Também se referiu à segurança dos jornalistas em regiões de conflito na rodada de perguntas e ressaltou que há dez ou 15 anos as guerras perderam sua intensidade, mas o "NYT" perdeu no mundo todo mais jornalistas que nas duas guerras mundiais, na Guerra da Coreia e do Vietnã juntas.
O jornalista encerrou seu discurso lembrando as palavras que seu pai, morto recentemente, pronunciou há 35 anos: "Para um jornalista a liberdade consiste em buscar o caminho da verdade e na liberdade para criticar".
Sulzberger Jr considerou que a única mudança nessa afirmação é o alcance do trabalho dos jornalistas e as ferramentas à disposição para cobrir os acontecimentos para "nossos cidadãos do mundo". EFE
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