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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Rio 2016 : Macaco em extinção poderá ser novo mascote


Rio 2016
Entidade internacional vai apoiar candidatura de macaco brasileiro para mascote das Olimpíadas de 2016

Entrada da organização Conservation International em campanha quer divulgar o bioma Mata Atlântica no exterior e tentar atrair investimentos em projetos de proteção do muriqui-do-norte e do muriqui-do-sul, maior primata do Brasil

Seguindo o exemplo do tatu-bola, animal brasileiro ameaçado de extinção, entidades de conservação da natureza querem emplacar o quase desconhecido Muriqui como mascote dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. No ano passado, a organização EcoAtlântica e a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro lançaram o projeto. E, para angariar apoio também fora do País, a campanha firmará, na próxima semana, uma parceria com a Conservation International (CI), entidade de proteção ao meio ambiente sediada nos Estados Unidos e com atuação em diversos países.

O objetivo é divulgar o nome do macaco no exterior. "Vamos levar a campanha para fora do País e fortalecê-la junto ao Comitê Organizador Local (COL), Comitê Olímpico Internacional (COI) e empresas patrocinadoras dos jogos", diz Beto Mesquita, engenheiro florestal e diretor do Programa Mata Atlântica da CI. 

A entrada da CI no projeto não visa apenas conseguir que o macaco vire símbolo da Olimpíada do Rio de Janeiro. "Queremos aumentar a proteção e reduzir a ameaça sobre a espécie", diz Mesquita. "Com a campanha, teremos a oportunidade de falar com a sociedade e chamar a atenção para a necessidade de criação de novas reservas e áreas de proteção." 

No Brasil, a CI financia pesquisas sobre o primata — ameaçado de extinção, o macaco é dividido em duas espécies (muriquis-do-norte e muriquis-do-sul) — encontrado em áreas de Mata Atlântica na Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Além do mais, a organização investe na criação e manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), fundamentais para a sobrevivência do macaco. O investimento anual em projetos para o muriqui gira em torno de 600.000 reais, de acordo com Mesquita.

Preservação – Paula Breves, presidente da EcoAtlântica, espera que internacionalizar a campanha ajude a chamar a atenção, no exterior, para o bioma Mata Atlântica e atraia investimentos para projetos de proteção do muriqui.

A importância de preservação do primata é comprovada pelo escasso número de indivíduos que sobreviveram a séculos de desmatamento e de caça. Hoje, na estimativa do professor de Zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo, Sérgio Lucena, existem 2.000 macacos – entre as espécies muriquis-do-norte e muriquis-do-sul. "Realizamos um estudo com base na densidade populacional do muriqui nas reservas atuais e no habitat que ele tinha disponível antigamente", explica o professor. De acordo com ele, a população do primata já foi superior, no início da colonização, a um milhão de indivíduos.

A situação é mais delicada entre os muriquis-do-norte. Eles vivem em pequenos grupos em reservas esparsas e separadas entre si nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. A falta de ligação entre as populações, diz Lucena, é uma das razões que fazem do muriqui-do-norte uma espécie considerada em risco crítico de extinção.

Apesar da situação de ameaça, algumas reservas, como a da cidade mineira de Caratinga (leia mais), conseguiram apresentar resultados bastante positivos na recuperação de populações de muriquis-do-norte.

Os muriquis-do-sul, por outro lado, estão espalhados em parques estaduais principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Se a maior extensão dos habitats faz com que esta espécie não esteja em risco crítico de desaparecer (ela é considerada em perigo de extinção), também torna mais difícil mapear com precisão o número de indivíduos existentes.

Símbolo – Um dos motes da campanha será apresentar o primata como um símbolo de preservação ambiental. "O muriqui se alimenta de flores, frutas e folhas e precisa de uma certa variedade de alimentos ao longo do ano. Por isso, ele só existe em áreas de florestas que foram pouco perturbadas. A própria existência dele significa condições próximas às florestas originais", diz Mesquita, da CI. 


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