Morre funcionário da era Nixon preso pelo escândalo de espionagem
DA EFE
Jeb Magruder |
Jeb Magruder, subdiretor da campanha de reeleição do presidente Richard Nixon em 1972 e preso pelo escândalo de Watergate de espionagem política que custou a Nixon sua presença na Casa Branca, morreu aos 79 anos. Ele se tornou pastor presbiteriano após o escândalo.
Magruder morreu no domingo (11) por complicações por um derrame cerebral embora a notícia de sua morte, divulgada por meio do site da empresa de serviços funerários Hull, do estado de Connecticut, só tenha sido divulgada hoje.
O ex-funcionário se uniu à administração de Nixon em 1969 como assistente especial do presidente para o desenvolvimento de políticas internas. Mais tarde, se juntou a sua campanha de reeleição em 1972, na qual se envolveu em esforços para obter informação de seus opositores políticos.
Nessa função colaborou no roubo à sede nacional do Partido Democrata, no Complexo Watergate, em Washington, em 17 de junho de 1972, a qual suscitou o escândalo que levou Nixon a renunciar dois anos depois.
A prisão de cinco ladrões que tentavam roubar documentos naquela noite desencadeou uma operação para encobrir o sucedido que Nixon respaldou de forma entusiasmada e que o obrigaria a renunciar em agosto de 1974. Magruder foi uma das 25 pessoas presas por atuar no Watergate.
Em 2003, em um documentário exibido pela emissora pública de televisão PBS, Magruder afirmou que Nixon ordenou pessoalmente o roubo da sede democrata. No programa, co-produzido pelo "The Washington Post", jornal que desvendou a trama, ele revelou ter escutado o presidente ordenar por telefone ao então secretário de Justiça, John Mitchell, que procedesse o roubo da sede eleitoral democrata.
Até 2003, estava claro que Nixon, o único presidente na História dos Estados Unidos que renunciou, estava ciente do ocorrido, mas não ao ponto de ordenar pessoalmente o roubo, rastrear e colocar microfones para conhecer os passos eleitorais dos democratas.
A versão de Magruder foi valiosa, já que tinha acesso direto e constante às principais figuras do escândalo: o secretário de Justiça Mitchell, o conselheiro presidencial John Dean e o chefe do Gabinete de Nixon, H.R. "Bob" Haldeman.
Vários analistas do caso, que também falaram no documentário "Watergate Plus 30: Shadow of History", (Watergate 30 anos depois: a sombra da História), puseram em dúvida a credibilidade das falas de Magruder, que se tornou pastor presbiteriano após passar sete meses na prisão.
Perguntado sobre as razões que o levaram a não fazer a revelação antes, Magruder disse que esperava evitar a prisão e conseguir o perdão de Nixon, que morreu em abril de 1994, aos 81 anos de idade.