Polícia Civil irá investigar perseguição ao prefeito
A delegada regional, Carla Kuhn, teve acesso às imagens capturadas pelo sistema de videomonitoramento e confirmou: ''Eduardo foi, sim, perseguido por dois veículos, na área Central de Pelotas''
Por: Michele Ferreira do Diário Popular
A Polícia Civil irá investigar, como prioridade, a partir de quarta-feira (11) a perseguição ocorrida ao prefeito de Pelotas, Eduardo Leite (PSDB), na manhã desta terça-feira (10). A delegada regional, Carla Kuhn, com quem o chefe do Executivo esteve reunido durante 36 minutos, no final da tarde, teve acesso às imagens capturadas pelo sistema de videomonitoramento e confirmou: o prefeito foi, sim, perseguido por dois veículos, na área Central de Pelotas. Até o momento, o episódio foi tipificado como perturbação da tranquilidade; uma contravenção penal. A delegada, entretanto, não descarta enquadrar o fato em um delito mais grave, como o crime de ameaça.
Os dois carros - um Gol branco e um Palio prata - pertenciam a uma locadora e já foram devolvidos. A partir de agora, então, Carla Kuhn terá condições de identificar os condutores e chamá-los a prestar depoimento. "Queremos entender que motivação levou essas pessoas a tomarem esta atitude. O prefeito sentiu-se intimidado e constrangido em sua vida pessoal".
Como ocorreu?
Eram pouco mais de 7h, quando Eduardo Leite deixou seu apartamento em direção à academia, frequentada por recomendação médica, já que possui duas hérnias de disco na coluna cervical. No trajeto o prefeito começou a desconfiar da perseguição. Ao parar o carro, derrubou qualquer dúvida: o Gol branco, com quatro ocupantes, estacionou logo atrás. Foi quando descartou a hipótese de descer e deu início à rota de despiste até retornar para casa.
A partir daí, fez contato por mensagem com seu motorista e solicitou que o buscasse. Pronto para começar o expediente na prefeitura, por volta das 8h30min, o tucano desceu para embarcar no carro oficial. Desta vez, o Palio prata voltou a segui-lo, o que só teria cessado em frente ao Paço Municipal. Ali, junto à praça Coronel Pedro Osório, o veículo teria estacionado em vaga para deficiente físico. Ao descerem, os ocupantes portavam bandeiras do Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp) - afirma o prefeito e publica foto no site da prefeitura.
A delegada preferiu não comentar o detalhe. "Como não cheguei a dar um zoom na imagem das câmeras, prefiro não dizer nada a esse respeito. As fotos o prefeito vai apresentar amanhã (quarta)".
Sem generalizar
Eduardo Leite lamenta os episódios, que prefere chamar de ação intimidatória, mas prefere não os relacionar com os municipários. "Não sei se são servidores. Não os reconheço. Podem ser pessoas recrutadas para intimidar o prefeito", enfatiza. E complementa: "Há apenas uma pequena ala da categoria, mais radical, que não representa a classe como um todo".
O que diz o Simp?
O vice-presidente do Simp, Tiago Botelho, explica que desde sexta-feira, grupos de servidores têm reunido-se para visitar os setores - em busca de adesão à greve - desde as primeiras horas do dia. "Se realmente eram municipários, gostaria de saber onde está escrito que é proibido acompanhar o caminho de alguém, sem impedi-lo do deslocamento, sem xingá-lo e sem colocar seu trajeto em risco, com infrações de trânsito", indagou o líder sindical.
Botelho reiterou que, caso o envolvimento de servidores se confirme, os trabalhadores estariam exercendo um direito legítimo de expressão, sem desrespeito à figura pública do prefeito.