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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

'Salve Jorge': o desafio de manter audiência e a popularidade de Avenida Brasil


Apostando mais uma vez em denúncia social e exotismo étnico, trama de Glória Perez estreia hoje (22)

Jornal do Brasil
Por Pedro Willmersdorf

Nada mais prazeroso, para qualquer pessoa, em qualquer área de atuação, do que um trabalho bem feito, com reconhecimento público, bom feedback e comentários majoritariamente positivos. Motivo de orgulho geral, à primeira vista. Mas, quando o assunto é televisão, não é bem assim que a banda toca, pois há, dentro deste contexto, um aspecto referente a 'heranças' que configuram a dinâmica de uma forma um tanto particular. Principalmente na seara das novelas.

Recentemente, na faixa das novelas das sete, a Globo viu passar por sua programação um sucesso, tanto de público quanto de crítica, com uma roupagem diferente sobre o brega, trazendo riso inteligente ao tradicional horário cômico da teledramaturgia da emissora. 'Cheias de Charme' conquistou a todos, gerando, além do tal prazer do dever cumprido e uma repercussão incrível, também uma 'herança'. Ou, como queiram, uma pressão sobre sua sucessora. Pressão esta, que, por enquanto, não vem sendo rebatida à altura, com o fraco desempenho (tanto de audiência quanto de popularidade) de 'Guerra dos Sexos', remake do clássico de 1983 assinado pelo mestre Silvio de Abreu.

Morena (Nanda Costa) e Theo (Rodrigo Lombardi): protagonistas de 'Salve Jorge'

E, hoje (22), veremos o início de mais uma troca de bastão referente a uma 'herança' ainda mais densa, de maior responsabilidade e comprometimento: estreia 'Salve Jorge', trama que terá a missão de manter a bela audiência de 'Avenida Brasil', sua antecessora. E, mais do que o Ibope, a nova novela de Glória Perez  enfrentará, de cara, o desafio de conquistar o público rapidamente, para que este não se desgarre do horário nobre, espécie de prisão na qual ficou encarcerado por sete meses, ecoando nas redes sociais suas opiniões sobre a história de vingança de João Emanuel Carneiro, repercutindo de forma inédita um folhetim que teve a competência de arejar o gênero melodramático e atrair muitos jovens desinteressados por novelas e que, com 'Avenida Brasil', perceberam que há muita riqueza ainda a ser explorada e/ou repaginada no mundo mágico da teledramaturgia.

Se observarmos pelo viés de quem comandará esta nova jornada, talvez a dúvida sobre a capacidade de 'Salve Jorge' manter a peteca no ar se dissipe rapidamente. Afinal de contas, estamos diante de uma trama assinada por Glória Perez, responsável por histórias altamente populares, com potencial de trazer às ruas diversas gírias, por conta do exotismo étnico estrangeiro explorado em seus roteiros, como em 'O Clone' (2001/02), 'América' (2005) e 'Caminho das Índias' (2009). 

Glória Perez e seu diretor, Marcos Schechtman: dupla diante 
do desafio de manter audiência e popularidade de 'Av. Brasil'

Outro ponto característico de Glória é o elenco extenso de suas novelas (um contraponto à escalação enxuta, já tradição de João Emanuel Carneiro): 'Salve Jorge' terá mais de 100 nomes em seu elenco, o que desperta também atração do público pela gama variada de personagens construídos pela autora, que, nesta nova empreitada, explorará do Complexo do Alemão à Turquia, passando pelos bastidores das Forças Armadas brasileiras e pincelando toda a trama com a denúncia social (outro traço forte de Glória) em torno do tráfico internacional de pessoas. Motes fortes e, a princípio, com poder de manter a voltagem da popularidade do horário, saudoso desde já por conta do adeus a Carminha, Nina & Cia.

Dona de médias de respeito no Ibope, como em 'O Clone' (47) e 'América' (49), talvez este seja o desafio-mor de 'Salve Jorge', diante de uma dificuldade cada vez maior em sustentar índices de audiência por conta do poderio ostensivo da internet, seus canais e a possibilidade de acompanhar uma novela longe da telinha no momento real de exibição de determinado capítulo. 'Caminho das Índias', por exemplo, com média final de 38,8, já reflete a árdua tarefa que é erguer, em dias correntes, audiência geral acima dos 40 pontos. Talvez aí esteja o grande nó que Glória e seu diretor braço-direito, Marcos Schechtman, terão de desatar. A partir de hoje 'Salve Jorge' terá de matar um dragão por dia. Boa sorte.

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