O comportamento irresponsável da imprensa
''O privilégio de escrever uma coluna não dá a ninguém o direito de ser socialmente irresponsável.''
Enviado por luisnassif, qui, 03/01/2013 - 16:06
Por O Escritor
Eu escrevi o texto original. E gostaria de abordar uma questão mais ampla que independe de concordância ou discordância quanto ao conteúdo dele.
Nos últimos tempos, na grande mídia, tornou-se comum o comportamento profissionalmente irresponsável por parte de jornalistas, em especial os jornalistas políticos.
Ao invés de praticarem o jornalismo responsável e objetivo, ou seja, ao invés de fazerem um meio de campo eficiente entre os fatos e os cidadãos, passaram a adotar basicamente três procedimentos reprováveis em seu trabalho: ocultar os fatos negativos para seus protegidos ou os fatos positivos para seus inimigos (sim, são eles os principais censores da própria mídia), distorcer os fatos favoráveis a seus inimigos, e superdimensionar os feitos dos protegidos e os problemas dos inimigos. Tudo pelo jogo político. Instalou-se um vale tudo em nome da promoção dos interesses dos seus patrões.
Esse comportamento de desgarramento em relação à realidade e aos padrões de qualidade profissional acabou “contaminando” a participação dos colunistas das Séries B, C, ... Z do Campeonato de Irresponsabilidade da Grande Mídia, tanto daqueles que fazem o jogo político (tenho certeza de que vocês estão pensando em vários coadjuvantes), quanto daqueles que comentam sobre os mais variados assuntos.
Assim é que uma colunista da “Veja”, a revista mais vendida do País, achou-se no direito de criticar a política de inclusão social, usando como exemplo a educação inclusiva.
O que ela fez? Procurou estudar o assunto? Ouviu profissionais da área? Buscou a opinião de pais e mães de interessados? Contatou professores? Verificou com os alunos beneficiados se eles realmente se sentiam constrangidos em sala de aula? Procurou conhecer os diferentes tipos de necessidades dos deficientes? Ou seja, fez um trabalho prévio, naturalmente imposto pela responsabilidade social associada à sua posição de destaque na mídia?
Não. Nada. Eu penso, eu digo, e ponto final.
Para essa turma, basta ter uma vaga ideia, uma opinião, um palpite, e esse conteúdo passa para o papel ou a página da Web, sem nenhum critério profissional que faça a ponte entre o interior e o exterior. A realidade pode esperar; a opinião pessoal, não. Se alguém sair prejudicado, problema dele.
E o que uma reação como esta que se deu neste blog expõe sobre esse estado de coisas? Muito simples. Esse time de “comentaristas de tudo”, quando trata dos mais variados assuntos, revela um grau de inteligência e conhecimento muito abaixo do grau médio do brasileiro. A coletividade (ou seja, o próprio conjunto dos seus leitores) é bem mais inteligente e informada do que eles.
Para fazer um bom trabalho, eles contam com duas opções: permanecer em sua área de “expertise”, na qual podem falar com autoridade, ou então checar de maneira profissional uma opinião que pretendam tornar pública, sobre uma área que não conheçam.
O privilégio de escrever uma coluna não dá a ninguém o direito de ser socialmente irresponsável. Não se trata de “patrulhamento”, mas de um chamamento à responsabilidade social e profissional. Os critérios aplicados a um post de blog (um espaço de opinião pessoal, de influência limitada) são naturalmente mais liberais que os aplicados a uma coluna num veículo da grande mídia (um espaço de atuação social, de influência abrangente). Esta é a lição a ser extraída dessa polêmica.
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Da Hora:
Acho que todos vimos isso por aqui, recentemente...momentaneamente, acabou!
Cuidado!
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