Em CPI, Agnelo Queiroz acusa Demóstenes de 'ataques violentos'
- ELAINE LINA
- Direto de Brasília
- O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), disse que por muito tempo sofreu ataques por parte do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), também envolvido em denúncias de relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira. A declaração foi dada durante a fala do governador à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do bicheiro com agentes do governo. "Ele fazia ataques violentos contra a minha pessoa. Eu achava que era por solidariedade aos meus adversários aqui no DF", disse ele.
- Agnelo disse ainda que nos arquivos da Operação Monte Carlo constam diálogos gravados em que a quadrilha cita Demóstenes e xinga a ele. Ao finalizar a primeira parte de seu depoimento, Agnelo garantiu que permitiria a quebra de seus sigilosos bancário, fiscal e telefônico durante as investigações.
- "Quem não deve, não teme", disse ele, que foi aplaudido por parte dos parlamentares que participavam da sessão.
- A reação ocorreu como contraponto ao visto na sessão de ontem, quando o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também envolvido em suspeitas de manter relação com Carlinhos Cachoeira, foi questionado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), se ele abriria seu sigilo bancário do ano 2011. O questionamento gerou um bate-boca quando o deputado Carlos Sampaio (PSDB) acusou Cunha de apresentar requerimento, necessário para a quebra, "disfarçado de pergunta".
- A autorização verbal foi concedida após o governador ter mencionado que está sendo acusado de enriquecimento ilícito. Um dos principais questionamentos está relacionado à mansão que Agnelo e sua esposa adquiriram em 2007. "Meu patrimônio hoje é bem modesto para um médico com mais de 30 anos de trabalho", disse.
- Com a declaração de Agnelo, o deputado federal Candido Vaccarezza (PT) disse que o "governador mostrou que não tem nada a esconder". No entanto, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ressaltou que para que a quebra de sigilos ocorra de fato um termo deve ser assinado. "Ele tem que assinar, não basta a vontade dele. Vamos providenciar um termo por escrito até o final da sessão."
- Facilitação em contratos
- Rebatendo as investigações da Polícia Federal, o governador garantiu que as denúncias, de que teria facilitado contratos com a Delta, empreiteira que teria ligações com o bicheiro, Agnelo disse que tudo faz parte "de um jogo político" orquestrados para atingi-lo. Ele garantiu que a empreiteira mantinha um único contrato com o governo, firmado antes mesmo de ter assumido, para o serviço de recolhimento de lixo. Ao negar qualquer irregularidade ou favorecimento à empresa, Agnelo sugeriu a ocorrência de "uma avalanche de informações erradas".
- Sobre as denúncias de favorecimento à empresa Delta em contratos de recolhimento de lixo em Brasília e região, Agnelo disse que a empresa entrou no DF a partir de uma licitação de 2007, apresentando um preço 30% mais baixo do que as concorrentes. O governador desafiou qualquer pessoa a citar o nome de indicações políticas feitas por seu governo para favorecer a Delta.
- Carlinhos Cachoeira
- Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
- Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
- Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
- Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
- O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
- Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
- Com informações da Agência Câmara.
- Fale Conosco : pelotasdeportasabertas@hotmail.com
E-MAIL
Você pode ser um colaborador.
Envie suas sugestões para o e-mail :
pelotasdeportasabertas@hotmail.com
" Povo que reivindica seus direitos é melhor respeitado."