Centro de estudos debate partidarismo da mídia na cobertura do 'mensalão'
Atividade no Barão de Itararé terá participações de Fernando Morais e Raimundo Pereira
Por: Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual
A atuação da mídia tradicional na cobertura do caso mensalão será tema de debate na noite de hoje (13), às 19h, no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. A atividade contará com a participação do editor da revista Retrato do Brasil, Raimundo Rodrigues Pereira, e do jornalista e escritor Fernando Morais.
De acordo com o presidente do Barão de Itararé, Altamiro Borges, a proposta é discutir, a partir de exposições e estudos de Pereira e de Morais, como a mídia atua a partir de uma tese própria, escancarando seu partidarismo.
“A mídia tem agido de maneira tendenciosa no caso do mensalão, pressionando o Supremo Tribunal Federal pela condenação de todos os réus. Ela mesma já os condenou. Isso fere a Constituição, ignora a presunção da inocência. Alguns jornalistas têm escrito artigos pedindo a prisão dos envolvidos, fazem até enquetes sobre isso”, diz Borges.
Durante o debate será lançado o livro A outra tese do mensalão, escrito por Raimundo Pereira, Antônio Carlos Queiroz e Lia Imanishi, no qual os autores realizam um estudo das peças da Ação Penal 470 e fazem um panorama geral da história do mensalão. A obra traz ainda investigações sobre o financiamento de campanhas tucanas, a CPI do Banestado, os paraísos fiscais, as agências de publicidade, bancos, dívidas e acordos partidários, além da questão da cobertura da grande mídia.
As inscrições para participar do debate podem ser feitas pelo telefone (11) 3159-1585, com Danielle Penha, ou pelo e-mail contato@baraodeitarare.org.br. As vagas são limitadas a 50 participantes. A atividade tem parceria do site Carta Maior. O Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé fica na rua Rego Freitas, 454, próximo à igreja da Consolação, no centro da capital.
Blogueiros censurados
O Barão de Itararé divulgou na manhã de ontem (12) uma carta aberta em que alerta instituições e poderes da República sobre as repetidas tentativas de calar blogueiros, por via da censura judicial e da ameaça física.
A carta pede atenção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para o tema, expondo os casos dos blogueiros Ednaldo Figueira, assassinado após questionar as contas da prefeitura de Serra do Mel, no Rio Grande do Norte, e Décio de Sá, executado a tiros em São Luís, no Maranhão, após denúncias sobre o julgamento dos assassinos do líder comunitário e sem-teto Miguel Pereira Araújo.
A carta expõe a prática de judicialização da censura, apresentando o caso recente do blogueiro Tarso Cabral Violin, processado pelo atual prefeito e candidato à reeleição Luciano Ducci (PSB), por discordar de enquetes publicadas por Violin. A Justiça Eleitoral, deu ganho de causa a Ducci e estipulou uma multa de R$ 106 mil. Também no Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) tem perseguido o blogueiro Esmael Morais, que já foi processado várias vezes e coleciona multas impagáveis. De acordo com o documento, essas ações visam impedir a continuidade dos blogs, a partir do sufocamento financeiro, consequentemente intimidando outros blogueiros.
O documento lembra ainda que o PSDB ingressou com ação na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) questionando os anúncios do governo federal em blogs e sítios de reconhecida visibilidade, como o Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, a fim de impedir sua viabilidade financeira.
O Barão de Itararé, em parceria com o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), promete requisitar audiências junto ao STF, STJ, TSE, Congresso Nacional e Ministério da Justiça para exigir ações em defesa da blogosfera e da liberdade de expressão.
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