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terça-feira, 12 de março de 2013

VALE evita o ''risco Argentina'' e suspende projeto bilionário


Vale foge do 'risco Argentina' e suspende projeto de US$ 6 bilhões

Apesar da pressão do governo argentino, mineradora decide paralisar as obras do Rio Colorado, que já estavam 45% concluídas 

Mesmo sob pressão do governo argentino, a Vale anunciou ontem a suspensão de um investimento de quase US$ 6 bilhões no país. O projeto de potássio de Rio Colorado, o segundo maior na carteira da mineradora, chegou a entrar na pauta de um encontro entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, cancelado com a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Com a decisão, a Vale evita uma conotação ainda mais política do tema, que certamente viria caso uma nova reunião entre as presidentes fosse agendada. Segundo fontes, a mineradora queria anunciar a desistência antes, mas atendeu ao apelo do Planalto e adiou o comunicado para não criar constrangimentos durante a viagem de Dilma e mais problemas para o governo brasileiro, que já tem muitas pendências com a Argentina.

Economia argentina. A delicada situação da economia argentina foi o pano de fundo da decisão da companhia, que tem planos de ocupar uma posição de destaque no mercado de fertilizantes. Previsto para produzir 4,3 milhões de toneladas de potássio, o Rio Colorado já consumiu US$ 2,2 bilhões em investimentos.

Desde abril de 2012, o projeto está em revisão. Na época, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, admitiu ter preocupações com inflação, impostos, infraestrutura e política cambial do país vizinho.

Em dezembro, a Vale decidiu paralisar as obras de Rio Colorado, na Província de Mendoza, que já estavam 45% concluídas. Segundo uma fonte próxima ao negócio, os custos dispararam mais de 30% nos últimos meses, em dólar, reduzindo drasticamente o potencial de retorno.

Mesmo com a perspectiva de uma baixa contábil expressiva, o analista Marcelo Aguiar, do banco Goldman Sachs, aprovou a suspensão do projeto por descartar ingerência política nos rumos da companhia, que tem entre seus controladores o banco estatal de fomento BNDES e a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil.

A retirada do risco político deu gás às ações preferenciais da Vale, que fecharam com ganhos de quase 1,5%. Em nota, a Vale informou que "no contexto macroeconômico atual, os fundamentos econômicos do projeto não estão alinhados com o compromisso da Vale com a disciplina na alocação de capital e criação de valor". Mas deixou uma porta entreaberta para negociação, ao afirmar que continuará buscando soluções que possam viabilizar sua retomada.

Antes de bater o martelo, a companhia fez cerca de 15 reuniões com representantes do governo argentino, que não tiveram sucesso. Entre as propostas apresentadas estava o pedido de recebimento antecipado do IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Na Argentina, o IVA começa a ser pago na fase de implantação do projeto e, quando a empresa inicia a operação, recebe o ressarcimento. A Vale pedia o recebimento ainda na fase de investimento.

O projeto de potássio Rio Colorado não é o único da carteira da Vale a sofrer com risco político. A mina de Simandou, na Guiné, considerada um dos últimos ativos de alta qualidade no segmento de minério de ferro, também enfrenta problemas. O clima de insegurança política e jurídica que vigora na Guiné, com mudanças na legislação mineral, levou a Vale a excluir o projeto do seu plano de investimentos de 2013. 


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