Preço atraente de imóvel pode ser sinônimo de golpe
A Polícia Civil indiciou quatro pessoas por estelionato e uso de documentação falsa
Por: Cíntia Piegas
cintiap@diariopopular.com.br
Um terreno de dez metros de frente por 30 metros de profundidade no Recanto de Portugal, em Pelotas, à venda por R$ 58 mil. Com um preço atraente é fácil aparecer interessados. Como um casal que procurou os supostos vendedores e quase foi vítima de golpe. A transação acabou em quatro pessoas indiciadas por tentativa de estelionato e uso de documento falso.
Quem alerta para o novo golpe no mercado de Pelotas são os agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Pelotas que conseguiram seguir os rastros deixados pelos golpistas durante a negociação iniciada dia 12 de maio deste ano. A polícia questionou ainda, na Justiça, sobre o procedimento de um cartório que funciona na zona rural de Pelotas.
“Tudo teria sido bem arquitetado, caso não fosse uma procuração apresentada pela suposta corretora que exigiu o pagamento à vista”, conta o delegado responsável pelo caso e titular da 1ª DP Sandro Bandeira. A trama só foi descoberta após a vítima entrar em contato com a proprietária do espaço e descobrir que o terreno não estava à venda.
Como foi ?
Sandro Bandeira explica que um casal após ler anúncio no jornal teria mostrado interesse na compra pelo preço atraente. Em levantamento feito pela reportagem, um terreno nessas dimensões no Recanto não custa menos de R$ 85 mil. Os interessados então fizeram contato por telefone e combinaram uma visita ao local. “No dia, as vítimas desconfiaram da procuração apresentada, que não estava assinada. Mesmo assim, acertaram o pagamento com a negociante. Nesse meio tempo, o casal entrou em contato com a proprietária que negou a venda”, relatou Bandeira. Foi quando a polícia entrou em ação.
Na data combinada para o pagamento, outra pessoa se apresentou com a procuração e acabou sendo presa em flagrante, pois não tinha legitimidade para fazer a transação imobiliária. O jovem, cuja polícia apurou que teria sido contratado por um casal e receberia R$ 5 mil pelo serviço, pagou fiança e responde processo em liberdade. Ele disse que conseguiu a procuração em um cartório na zona rural de Pelotas, onde é comum fazer procurações e depois ir até a residência do responsável para colher a assinatura. “A 1ª Delegacia de Polícia oficiou à Justiça sobre o procedimento desse cartório.” A reportagem entrou em contato com o estabelecimento, mas os representantes preferem não se manifestar sobre o assunto.
Durante o inquérito, que já foi remetido ao Foro, a polícia descobriu que uma das envolvidas trabalhou em cartório e conhecia o processo de transferência de imóvel. “Os indiciados negaram os fatos e um deles ainda argumentou que se ofereceu apenas para agenciar a venda.” Quinze dias após a primeira tentativa de golpe, outra possível compradora quase foi vítima dos estelionatários.
Fique atento
Em qualquer transação de bem ou imóvel:
- Procure falar sempre com o proprietário, mesmo que outra pessoa se ofereça para fazer a corretagem.
- Não se baseie na procuração; procure o cartório para se certificar da validade do documento.
- Desconfie quanto ao valor e às condições de pagamento.
- Antes de entregar qualquer valor, dirija-se a um Registro de Imóvel.
