Somente no primeiro semestre deste ano autoridades federais fizeram 1.664 solicitações de uso de aeronaves oficiais, um aumento de quase 39% em relação aos pedidos registrados no primeiro semestre do governo Dilma Rousseff, em 2011. Só o ministro da Saúde decolou 110 vezes, na maioria dos casos a partir ou para São Paulo, de onde pode sair candidato pelo PT ao governo do Estado. Esses dados serão analisados pelo Senado para investigação de possíveis abusos
Segundo uma relação de viagens fornecida pela FAB ao Estadão, somente no primeiro semestre deste ano autoridades federais fizeram 1.664 solicitações de uso de aeronaves oficiais, um aumento de quase 39% em relação aos pedidos feitos no primeiro semestre do governo Dilma Rousseff, em 2011.
O Ministério da Defesa tem 30 dias para enviar ao Senado a lista de voos operados pela Força Aérea Brasileira (FAB) de 2010 até este ano. O requerimento, de autoria do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), foi aprovado no início da tarde pela Mesa Diretora da Casa.
De acordo com o requerimento, os senadores querem informações sobre as autoridades que fizeram voos pela FAB naquele período, quem foram seus acompanhantes, quais os destinos e horários de saída e chegada dos voos e quantas vezes cada autoridade embarcou nos aviões da Força Aérea.
Mas a Aeronáutica adianta que a relação de caronas em cada viagem não será revelada. A justificativa é que a lista de passageiros é descartada depois da chegada do avião ao destino.
Sem os nomes dos acompanhantes, a fiscalização de eventuais abusos ficará prejudicada.
No primeiro semestre deste ano, o campeão de viagens pela FAB foi o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que decolou 110 vezes, na maioria dos casos a partir ou para São Paulo, onde tem residência permanente. Ele explica, por meio de sua assessoria, que a agenda para pactuar políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o País exige o uso de aeronaves. Atualmente, ele é a aposta do PT para disputar o governo de São Paulo.
No ranking dos que mais voam pela FAB, figuram os titulares do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (101), da Justiça, José Eduardo Cardozo (91), e do Esporte, Aldo Rebelo (81). Os ministros alegam cumprir as regras do decreto presidencial 4.244, que regulamenta o transporte pela FAB, e atribuem os voos recorrentes à extensa lista de atribuições em todo o País.
Nos últimos dias, pelos menos três denúncias de irregularidades no uso de voos da FAB foram divulgadas pela imprensa, envolvendo os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho. O ministro embarcou para o Rio de Janeiro, em avião da Força Aérea Brasileira, para acompanhar o jogo final da Copa das Confederações, no dia 30 de junho.
O caso do deputado Henrique Alves, que também viajou em avião da FAB para assistir à final da Copa das Confederações no Rio de Janeiro, está sendo investigado pela Procuradoria da República no Distrito Federal. O senador Renan Calheiros viajou para Trancoso, na Bahia, no início do mês, para participar do casamento de uma filha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).
Site 247