Aderir à paralisação pode prejudicar a carreira
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
Especialistas em gestão de carreira recomendam que se pense muito antes de participar de uma greve.
"Sempre haverá consequências profissionais, para o bem ou para mal. É importante cuidar da reputação, não só da carreira", diz Willian Bull, da consultoria Instituto Pieron.
"Às vezes, não é nem mesmo a diretoria que penaliza o profissional que entrou em greve, mas o superior direto", diz a consultora em carreiras Mariá Giuliesi, da Lens & Minarelli. Ela recomenda, nesses casos, conversar para deixar claro que não se trata de um problema pessoal.
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Trabalhadores que participaram da greve dos Correios em 2011 tiveram uma parte do salário descontada |
Sindicalistas consideram que há dificuldades para convencer profissionais a aderir a uma paralisação.
"Não é fácil persuadir alguém com interdito proibitório. Nós só podemos ficar a 150 metros da entrada das empresas", reclama Sérgio Butka, 55, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Interdito proibitório é uma medida da Justiça para preservar bens e direitos das empresas e dos trabalhadores que não aderiram à greve.
Outro fator que desestimula é o possível desconto de valores nos salários relativo aos dias sem trabalhar.
Dircêo Torrecillas Ramos, da comissão de direito constitucional da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), explica que "é preciso documentar todos os esforços de negociação anteriores à greve, que deve ser o último recurso, para que ela não seja considerada ilegal".
No caso da greve dos Correios, que durou 28 dias em 2011, o Tribunal Superior do Trabalho considerou a paralisação legal. Mesmo assim, determinou o desconto de sete dias e que os restantes deveriam ser "pagos" com trabalho em folgas. "Estamos pensando em recorrer ao Supremo", diz Rivaldo da Silva, presidente da federação dos sindicatos dos trabalhadores.
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