Agressões, ameaças e a tensão provocadas por onda de denúncias nos últimos dias provocam reforços em locais de conflitos
Juliana Bublitz
juliana.bublitz@zerohora.com.br
A tensão pré-eleitoral atingiu a voltagem máxima no Rio Grande do Sul e pode transformar o pleito deste ano nas "eleições da baixaria".
Para acalmar os ânimos, dar conta das denúncias e evitar novas ameaças e agressões, o comando da Brigada Militar promete reforçar o policiamento ostensivo em 111 municípios, que receberão, até domingo, cerca de 800 PMs a mais nas ruas.
São cidades, em sua maioria pequenas, onde a aura de tranquilidade deu lugar ao clima de guerra, e também centros urbanos, como Porto Alegre e Caxias. Pelo menos 16 delas registraram confrontos, ofensas e intimidações. Nas demais, são o denuncismo e o potencial explosivo das paixões políticas que preocupam.
— Até 10 dias atrás, estava tudo bem. Do meio da semana passada para cá, os problemas começaram. Decidimos reforçar o policiamento para prevenir — afirma o comandante-geral da Brigada , coronel Sérgio Abreu.
Em algumas cidades, até comícios foram proibidos nos últimos dias, e a baixaria incluiu pneus furados e ligações anônimas com xingamentos de todos os tipos. Chamaram atenção casos como o de Constantina, no Norte, onde um jovem morreu baleado em meio a uma briga partidária. Mais recentemente, Quaraí, na Fronteira Oeste, foi palco de um suposto atentado contra um candidato, cuja casa foi alvejada.
Em São Gabriel, uma enxurrada de denúncias levou o responsável pela BM na região, tenente-coronel Iguaraçu Ricardo da Silva, a deslocar 20 homens do Pelotão de Operações Especiais de Santana do Livramento para apaziguar o município.
— Percebemos que se tratava de um foco de conflito e resolvemos agir — diz Iguaraçu.
No fim de semana, todo o efetivo estará em ação. Os 111 municípios mais vulneráveis terão prioridade, mas Abreu assegura que os demais não ficarão desprotegidos. Serão 16 mil PMs no Estado, incluindo brigadianos que estariam de folga e os que atuam em áreas administrativas.
Tarso pede civilidade na votação
A preocupação é tanta que até o governador Tarso Genro, em mensagem oficial divulgada ontem, fez um apelo para que a votação transcorra "com normalidade, tranquilidade e civilidade". Encerrou o texto com o seguinte recado:
— Vote em paz. Democracia é sinônimo de paz e autonomia da vontade.
Para assegurar o desejo do governador, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Ministério Público (MP) também estarão com estrutura reforçada e atenção redobrada neste fim de semana.
Na Capital, o gabinete de assessoramento eleitoral do MP fará plantão sábado e domingo durante todo o dia.
— Nosso papel será orientar os colegas que estarão na linha de frente – diz o promotor Rodrigo Zilio.
O TRE, segundo o presidente do órgão, Gaspar Marques Batista, manterá contato permanente com a BM para garantir a segurança da população. Para Batista, os conflitos sempre existiram em períodos eleitorais, mas se tornaram mais visíveis em função das novas tecnologias de comunicação. Basta um celular, por exemplo, para registrar possíveis irregularidades e, em segundos – por meio das redes sociais e da mídia –, incendiar o eleitorado de uma determinada região.
O magistrado reforça o apelo feito pelo governador e pede "serenidade" na reta final da campanha:
— Peço aos eleitores e, principalmente, aos políticos para que respeitem os ideais dos adversários e mantenham a nossa tradição de Estado politizado. Não podemos jogar o nome do Rio Grande do Sul nas manchetes dos jornais.
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