Luís Guilherme Barrucho
Da BBC Brasil em São Paulo
As comemorações do "Ano de Portugal" no Brasil começaram oficialmente na noite da última sexta-feira em Brasília, mas, apesar dos laços afetivos entre a ex-metrópole e sua antiga colônia, o país europeu parece apostar em outros emergentes para sair da crise.
O Ano de Portugal no Brasil, que prevê uma série de eventos a fim de promover a cultura e fomentar as relações comerciais entre as duas nações, se estenderá até 10 de junho de 2013, quando é festejado o dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.
De janeiro a junho deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE, o IBGE português), as exportações de Portugal ao Brasil cresceram apenas 9% em relação ao mesmo período de 2011, passando de 263,9 milhões (R$ 684,9 milhões) para 287,6 milhões de euros (R$ 746,4 milhões).
Por outro lado, na mesma base de comparação, as vendas portuguesas à China subiram 183%, de 155,5 milhões (403,8 milhões) para 440,6 milhões (1,1 bilhão) de euros.
Já as exportações a Angola, por exemplo, um dos principais parceiros comerciais de Portugal fora da União Europeia, registraram alta de 37%, de 957,6 milhões (2,5 bilhões) para 1,3 bilhão de euros (3,4 bilhões).
Com a economia desaquecida, Portugal tem apresentado dificuldades em retomar a trajetória de crescimento, apesar das medidas de austeridade fiscal tomadas pelo governo como condição para o recebimento dos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia.
Na última sexta-feira, o primeiro-ministro do país, Pedro Passos Coelho, anunciou novas medidas, também com o objetivo de reduzir a dívida pública do país.
De abril a junho deste ano, o PIB português caiu 3,3% em relação ao segundo trimestre de 2011.
Chanceler português (primeiro à esq.) participou do lançamento do Ano de Portugal no Brasil. |
Face à demanda mais fraca da União Europeia, especialmente da Espanha, destino de mais de 20% das exportações portuguesas, Portugal tem apostado no crescimento dos mercados emergentes para tentar sair da crise.
Se em 1993 (início da série histórica, segundo o INE), os países que hoje compõem a União Europeia respondiam, juntos, por 76,5% do total das vendas externas de Portugal, no ano passado, essa proporção caiu para 74%.
Apesar da queda diminuta, as exportações portuguesas para fora da União Europeia aumentaram de 3,4 bilhões (8,8 bilhões) para cerca de 11 bilhões de euros (28,5 bilhões) no período analisado.
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, contribuíram para tal aumento.
De 1993 a 2011, por exemplo, a participação brasileira no quadro de vendas externas de Portugal passou de 48,2 milhões (125 milhões) para 585,3 milhões (1,5 bilhão) de euros, um crescimento de 1.114%.
Porém, no mesmo período, outros emergentes ganharam maior espaço na balança comercial portuguesa.
As exportações para os países membros da Organização de Países Produtores de Petróleo (Opep) subiram 2.637% e para a China, 1.554%.
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