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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ressuscitação prolongada reduz risco de morte em paradas cardíacas, diz estudo


Uma pesquisa realizada por cientistas americanos revelou que o prolongamento das técnicas de ressuscitação em pacientes que sofrem paradas cardíacas reduz o risco de morte.

Jogador de futebol Fabrice Muamba
"Se a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar é boa e há bastantes sangue e oxigênio passando para o cérebro então, sim, as pessoas podem sobreviver e já vimos isso recentemente", disse o médico, em alusão ao caso do jogador de futebol Fabrice Muamba, que sobreviveu a uma parada cardíaca em campo que durou 78 minutos em março de 2012 na Grã-Bretanha.

O estudo, publicado na revista The Lancet, realizada pela Universidade de Washington e Universidade de Michigan, é uma das maiores do gênero e uma das primeiras a relacionar a duração dos esforços de ressuscitação às taxas de sobrevivência.

Entre os anos de 2000 e 2008, os pesquisadores identificaram 64.339 pacientes com paradas cardíacas em 435 hospitais dos Estados Unidos, a partir de dados obtidos através da American Heart Association.

Os cientistas examinaram pacientes adultos em leitos comuns ou em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), excluindo aqueles em atendimento de emergência e ou que sofreram parada cardíaca durante procedimentos médicos.
Ao examinar os dados, eles descobriram que, enquanto a maioria dos pacientes foi ressuscitada depois de um período curto de tempo, cerca de 15% dos pacientes que sobreviveram à parada cardíaca precisaram de pelo menos 30 minutos para que o pulso voltasse.

Os pesquisadores também calcularam a duração média dos esforços de ressuscitação para os que não sobreviveram, para medir também a taxa de sucesso de um hospital ao tentar ressuscitar um paciente por mais tempo.

Diferença de tempo

Uma das primeiras descobertas que chamou a atenção dos médicos foi a variação na média de tempo dos esforços de ressuscitação entre os hospitais: de 16 minutos, para os hospitais que passavam menos tempo tentando ressuscitar os pacientes, até 25 minutos.

O pesquisador que liderou o estudo, Zachary Goldberger, da Universidade de Washington, afirma que a variação não é surpreendente, pois não há regras estabelecidas que determinem quando os médicos precisam parar com os esforços de ressuscitação.

"Nossas descobertas sugerem (que existe) uma oportunidade para melhorar o cuidado com esta população em alto risco. No geral, (a melhora) pode envolver a padronização do tempo exigido para continuar as tentativas de ressuscitação", disse.

O médico Brahmajee Nallamothu, professor associado da Universidade de Michigan e que também participou do levantamento, afirmou que, inicialmente, os pesquisadores achavam que tinham descoberto que, em alguns casos, os esforços prolongados para ressuscitar pacientes eram em vão.
Porém, ao concluírem o estudo, constataram que os minutos adicionais tiveram uma diferença positiva.

Os pacientes que ficaram mais tempo sob os cuidados de ressuscitação tinham chances de sobrevivência 12% maiores.
Nallamothu e seus colegas também descobriram que a função neurológica não era afetada pela duração dos esforços de ressuscitação.

Jerry Nolan, consultor em anestesia no Hospital Ryoal United em Bath, na Grã-Bretanha, e membro do conselho britânico de ressuscitação, afirmou que uma tentativa de ressuscitação que dura por volta de 30 minutos "será relativamente longa, mas não é tão incomum". Neste caso, o paciente pode sobreviver sem danos cerebrais.


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