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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

JANGO - exumação do ex-presidente prevista para 13 de novembro

Bastidores da queda de Jango serão tema de audiência pública em Porto Alegre

Bastidores da queda de João Goulart, a tensão política com as reformas de base em 1964 e histórias do exílio do presidente deposto pelos militares serão contadas em uma audiência pública a partir das 19h de segunda-feira na Câmara de Vereadores da Capital. São as memórias do ex-ministro Waldir Pires, membro do primeiro escalão do governo Jango.

Organizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (SDH) e pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), o encontro serve como etapa preparatória da exumação do líder trabalhista.

No próximo dia 13, em São Borja, peritos brasileiros e estrangeiros removerão os restos mortais de Jango na tentativa de esclarecer se ele morreu de causas naturais ou se foi envenenado no exílio, em dezembro de 1976.

Aos 87 anos, Pires é vereador em Salvador. Ex-governador da Bahia, ministro nos governos Sarney (Previdência) e Lula (CGU e Defesa), foi consultor-geral da República de Goulart — posto equivalente ao atual ministro da Advocacia-Geral da União. Pela natureza do cargo, Pires despachava quase todos os dias com Jango no Palácio do Planalto. Acompanhou a tensão dos últimos dias que antecederam a queda do gaúcho e sua posterior ida para o exílio.

— Fui um dos últimos a deixar o Planalto, escondido na madrugada. Só reencontrei o Jango no Uruguai. O presidente evitou que o Brasil vivenciasse uma guerra civil — afirma Pires.

Passados quase 50 anos do golpe militar, o ex-ministro apoia a decisão do governo federal em exumar Jango, forma de tentar retirar as dúvidas sobre o suposto envenenamento.

— Com o sistema de perseguição armado pela ditadura, não duvido que Jango tenha sido envenenado — diz.

Além de Pires, também palestram na audiência pública a socióloga e feminista Lícia Peres e familiares do líder trabalhista — outra audiência deve ocorrer na próxima semana em São Borja.

— Os encontros se inserem no que chamamos justiça de transição. É a capacidade de refletirmos sobre os atos realizados nos períodos de ditadura. É um aprendizado — diz a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que deve participar da audiência de hoje.

Neto do ex-presidente e advogado do instituto que leva o nome do avô, Christopher Goulart reforça a importância de reunir representantes dos movimentos sociais, em especial jovens, para recuperar o legado de Jango, como a defesa das reformas de base.

A família também acompanha a definição dos detalhes da exumação, coordenada pela Polícia Federal. Depois de abrir o jazigo da família Goulart, em São Borja, peritos levarão o corpo para Brasília, onde serão realizados exames antropológicos e de DNA. Já os testes toxicológicos serão feitos em laboratórios no Exterior. Não há prazo para divulgação dos resultados nem certeza se os laudos serão conclusivos.

Zero Hora

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