Pelotas de Portas Abertas.com: ''O ÚLTIMO DESAFIO '' - Arnold Schwarzenegger

domingo, 20 de janeiro de 2013

''O ÚLTIMO DESAFIO '' - Arnold Schwarzenegger - em Pelotas

SALA UM - Arcoplex Cinemas , Shopping Calçadão

Arnold Schwarzenegger está ciente da velhice em O último desafio

Filme marca o retorno de Schwarzenegger a um papel principal na telona em nove anos

Foto: divulgação

Paulo Floro

Do NE10

O ator Arnold Schwarzenegger, 66 anos, está rindo de si mesmo em O último desafio, que estreou nesta sexta (18) em todo o Brasil. Esse é o único motivo que livra o filme de ser apenas mais um título no estilo Domingo Maior de cinema: tiros, perseguição e cafuçus armados praticamente indestrutíveis. Schwarzenegger traz charme ao longa ao fazer referências ao papel do xerife de uma cidadezinha envolta em uma trama milionária de um exército de traficantes.

Schwarzenegger retorna ao seu primeiro papel principal em nove anos, desde que deu um hiato na carreira em Hollywood para ser governador da Califórnia, nos EUA. Interessante vê-lo retornar em um papel tão auto-referente, o que o livrou do peso de uma expectativa depois de tanto tempo afastado. Em uma das cenas de luta, ao cair no chão, ferido, um dono de uma lanchonete pergunta como ele está. "Velho", responde.

Ele surpreende pela desenvoltura nas cenas de luta e perseguição, o que é visto com espanto pelos personagens na tela, bem como pela plateia no cinema. O filme lembra a todo momento sucessos como True lies e até mesmo O exterminador do futuro; por isso, O último desafio precisa ser visto com único intuito de matar saudade do ator em cenas de ação. O papel lhe caiu bem. Na trama, ele interpreta um xerife em uma cidade na fronteira com o México, onde nada acontece. De repente, ele recebe uma ligação do FBI informando da chegada ao lugar do maior traficante mexicano de drogas.

Dirigido pelo sul-coreano Jee-woon Kim (Eu vi o diabo), a produção seguiu a cartilha dos filmes de ação, com perseguição de carros, um cerco com tiroteio orquestrado, humor para suavizar momentos de tensão, algum romance e, claro, o desafio final mocinho-vilão em que tudo parece que dá errado. De interpretação robótica, Schwarzenegger parece apenas entreter o público com seus trejeitos e frases de efeito ("Eu sou o xerife" etc). Ainda que tenha uma atuação dura, é inegável o carisma do ator.

Isso abre espaço para os coadjuvantes, entre eles Forest Whitaker (vencedor do Oscar por O último rei da Escócia), que interpreta um chefe do FBI que é feito de bobo o filme inteiro, e o brasileiro Rodrigo Santoro, aqui no papel do ajudante inesperado, realizado com competência. Johnny Knoxville (Jackass) dá um alívio cômico e chega a ridicularizar o norte-americano médio obcecado por armas.

O último desafio pode ser visto de forma irônica, como Os mercenários, ainda que o diretor não tenha tido essa intenção. O filme não tem uma única cena memorável que o coloque entre o melhor que o gênero ação já ofereceu e serve apenas para matar saudade de Schwarzenegger, um tipo durão que está ciente da velhice, mas que ainda quer mostrar que dá para o gasto.