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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

MÉDICO FRAUDAVA VESTIBULARES DE MEDICINA

Operação Calouro

Médico é preso em Sananduva em operação nacional contra fraude em vestibulares de Medicina . Outras três pessoas foram presas em Pelotas, suspeitos de integrarem quadrilhas que atuavam em todo o país

Vanessa Kannenberg
vanessa.kannenberg@zerohora.com.br

Um médico de 33 anos foi preso em Sananduva, no norte do Estado, nesta quarta-feira, por suspeita de participar de uma das quadrilhas especializadas em fraudar vestibulares de Medicina em todo o país. Outras três pessoas também foram presas em Pelotas, no Sul. O quarteto é suspeito de favorecer candidatos a vagas na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A Polícia Federal não divulga o nome dos envolvidos. 

Intitulada de Operação Calouro, a ação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira em 11 Estados e no Distrito Federal. No total, foram expedidos 70 mandados de prisão e 73 de busca pela Justiça de Vitória, no Espírito Santo. Mais de 290 policiais federais foram mobilizados para a operação. 

O médico foi preso em Sananduva por volta das 6h, na própria casa. Conforme o delegado federal de Passo Fundo, Celso Santos, com base em informações enviadas pela polícia do Espírito Santo, o médico atuava como “corretor” de uma das quadrilhas investigadas. Nessa função, o homem de 33 anos era responsável por aliciar candidatos e intermediar o contato entre vestibulandos e a quadrilha. 

O valor do serviço contratado por um candidato girava entre R$ 45 mil a R$ 80 mil. Segundo a PF, as quadrilhas atuavam em mais de 30 universidades do país, a maioria delas privadas, e entre elas estaria a gaúcha UCPel. 

Além dos corretores, as quadrilhas contavam com um líder, agentes operacionais, pilotos e treinadores. Segundo a PF, o esquema funcionava de duas maneiras. Na mais simples, um agente operacional falsificava documentos e fazia a prova no lugar do verdadeiro candidato. 

Na outra modalidade, um membro da quadrilha chamado de “piloto”, inscrito no vestibular, resolvia a prova rapidamente e saía da sala. De posse do gabarito, ele passava as informações para a quadrilha, que repassava ao candidato por meio de uma escuta eletrônica ou por celular. Havia ainda o treinador, que treinava os candidatos para receber a cola, escolhia os equipamentos tecnológicos e falsificava os documentos. 

Em Pelotas, de acordo com o delegado federal Eduardo Tavares, dois dos presos atuavam como “pilotos”, portanto, são suspeitos de realizar provas de vestibulares em favor de outros candidatos, sendo que um deles, de 21 anos, já estava preso. Ele foi detido em flagrante, junto a outro homem, com documento falso, fazendo a prova da UCPel há dez dias e permanecia no presídio. 

O outro “piloto” era estudante de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ele tem 29 anos e foi detido em casa. O terceiro homem preso, de 34 anos, que estava em um hotel, exercia a função de “treinador”. Os três são goianos. 

A investigação coordenada pela Polícia Federal do Espírito Santo para desarticular estas quadrilhas já dura um ano e meio. Segundo a PF, trata-se de “organizações altamente especializadas, lucrativas, organizadas e disseminadas”.



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