Cachoeira promete casar 'no primeiro dia' depois de libertado
Contraventor falou em depoimento nesta quarta à Justiça Federal em Goiás.
Ele é réu e responde a processo por supostamente comandar jogo ilegal.
G1
O bicheiro Carlinhos Cachoeira prometeu, durante depoimento à Justiça Federal de Goiânia, nesta quarta-feira (25), se casar com Andressa Mendonça "no primeiro dia" após ser libertado. Eles vivem juntos, mas não são oficialmente casados
Ao ser perguntado pelo juiz se era casado, ele afirmou:
"É uma pergunta difícil", arrancando risadas do público, e emendou: "Se o MP me liberar, no primeiro dia, tá?", disse, olhando para a mulher Andressa que estava sentada no local destinado aos familiares.
O juiz, então, perguntou o endereço do bicheiro, e ele disse:
- "Agora tenho que perguntar para ela. Nem sei mais. Estou segregado há cinco meses", disse.
Andressa, então, tentou intervir para falar o endereço ao bicheiro. E o juiz advertiu:
- "Não pode, não, dona Andressa. É só ele aqui".
Quando o juiz passou para as questões relacionadas aos fatos do processo, Cachoeira passou a se recusar a responder. "Eu gostaria de fazer um bom debate com o Ministério Público, mas devido às falhas do processo, melhor eu não falar nada. Nós resolvemos não falar."
Depois, quando o juiz perguntou se ele teria outras observações a respeito das acusações, Cachoeira respondeu: "Só queria falar porque o sofrimento é muito grande, e a oportunidade é grande. Ela me deu a nova vida [olhando para Andressa].
''Eu te amo, tá?" E Andressa falou do público: "Eu também."
Advertido pelo juiz de que não poderia falar com pessoas que assistiam à sessão, ele disse: "Essa declaração eu queria fazer em público, e hoje eu estou sofrendo demais porque eu virei um leproso jurídico. Hoje, quem me deu voto, até agora, foi o desembargador Tourinho [...] Isto me dói muito, este processo que eu estou passando, mas um dia tudo vai ser esclarecido e vão saber quem eu sou."
Depoimento
O depoimento de Cachoeira começou por volta das 16h50 e durou cerca de 15 minutos. Réu no processo referente à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, ele é acusado de comandar um esquema de exploração de jogo ilegal em Goiás.
Esta quarta (25) é o segundo dia de audiências destinadas a ouvir testemunhas de acusação e defesa do processo referente à Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso no fim de fevereiro. O contraventor e mais sete são réus na ação penal.
Além de Cachoeira, também são réus Lenine Araújo de Souza, apontado como braço-direito de Cachoeira; Gleyb Ferreira da Cruz, apontado na denúncia como auxiliar do contraventor; Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ter feito grampos ilegais a mando de Cachoeira; Wladimir Garcez, apontado como elo entre Cachoeira e o governo de Goiás; José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de atuar na abertura e fechamento de pontos de jogo ilegal; e Raimundo Washington Queiroga, irmão de José Olímpio. Geovani Pereira da Silva, acusado de ser o contador da quadrilha, é o único que está foragido.
Os réus respondem aos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas, violação de sigilo profissional. Além disso, também foram enquadrados em contravenção penal pelo jogo ilegal.
Tentativa de suspensão
Os advogados tentaram, sem sucesso, impedir o interrogatório dos réus. O advogado Leonardo Gagno, que defende três dos réus - Dadá e os irmãos Queiroga -, pediu o adiamento. "Que os interrogatórios sejam realizados após a perícia de todas as mídias eletrônicas apreendidas na casa dos réus, a fim de garantir a defesa na sua forma ampla."
O procurador Daniel Resende foi contra, argumentando que os acusados podem usar o direito constitucional de ficar em silêncio. "Mesmo que queiram falar, eles sequer têm o dever de falar a verdade."
O advogado Ricardo Sayeg, que defende Lenine, pediu a nulidade dos áudios grampeados que sustentaram a denúncia.
"A defesa sustenta a absoluta nulidade de todo o monitoramento e interceptação telefônica", disse, atribuindo o pedido ao depoimento das testemunhas de acusação que falaram sobre como eram ouvidas as ligações grampeadas. O juiz disse que tomará a decisão após a fase de instrução, ou seja, após os interrogatórios.
Julgamento
O magistrado Alderico Rocha falou no início da audiência desta quarta que o julgamento dos réus deve demorar cerca de um mês.
Após os interrogatórios, haverá prazo para a conclusão das diligências e, posteriormente, os advogados poderão apresentar as alegações finais antes de uma decisão da Justiça de primeiro grau.
Depois disso, se condenados, ainda podem à segunda instância, que é o Tribunal Regional Federal.
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