Defensores retardaram o início do depoimento da primeira testemunha de acusação, o agente da Polícia Federal (PF) Fábio Alvarez, e interromperam a fala do policial
Carlinhos Cachoeira |
Os advogados dos réus da Operação Monte Carlo tumultuaram o início da audiência na Justiça Federal em Goiânia como estratégia para atrapalhar a acusação. Os defensores de Carlinhos Cachoeira, Wladmir Garcez e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, retardaram o início do depoimento da primeira testemunha de acusação, o agente da Polícia Federal (PF) Fábio Alvarez, e interromperam por diversas vezes a fala do policial. Eles alegaram que o agente proferia considerações subjetivas em seu depoimento, o que foi veementemente negado pelos procuradores da República responsáveis por fazer as perguntas. Houve um intenso bate-boca entre os procuradores e os advogados Ney Moura Teles, que defende Wladmir, Dora Cavalcanti, representante de Cachoeira, e Leonardo Gagno, advogado de Dadá.
Primeiro, os advogados tentaram suspender a audiência, alegando que os outros réus denunciados na Operação Monte Carlo deveriam ser convocados para a audiência. O processo foi desmembrado e, nas audiências desta terça e de quarta-feira, estão previstos apenas os depoimentos do chamado núcleo central da organização criminosa. Testemunhas de acusação e defesa são ouvidas nesta terça. Na quarta é a vez de sete réus, entre eles Cachoeira, Vladimir e Dadá. O juiz federal responsável pelo processo, Alderico Rocha Santos, indeferiu o pedido da defesa e deu continuidade à audiência. Ele também discordou do argumento da advogada de Cachoeira de que "o universo completo de pessoas" deveria constar dos autos, a partir do que aparece na quebra de sigilos telefônicos.
Os advogados criticaram a presença da imprensa na audiência, tentaram barrar a entrada de fotógrafos e cinegrafistas - o que não foi autorizado até agora - e já se decidiu que, quando for autorizada imagens, os réus deixarão o auditório onde é realizada a audiência. Cachoeira está na primeira fila do auditório, ao lado de um agente da PF, bem mais magro e abatido. Quando consultado pelo juiz, o bicheiro concordou, levantando a mão juntamente com os outros réus, em não ser fotografado ou filmado. Eles deverão ir para uma sala ao lado.
Alderico chegou a dizer que os advogados estavam "tumultuando" a audiência. Os advogados chegaram a pedir a dispensa da revista dos advogados, o aumento da temperatura do ar condicionado e, por diversas vezes, interromperam o depoimento do primeiro policial federal a ser ouvido na audiência. O depoimento prossegue pela manhã. É apenas o primeiro dos 14 previstos para hoje
Assassinato do agente da PF
A procuradora da república Léa Batista de Souza, que sofreu ameaças de integrantes da organização criminosa, perguntou a um agente da PF se o policial Wilton Tapajós Macedo (executado em Brasília) enfrentou dificuldades na investigação. Ele respondeu que sim. Segundo o agente, Tapajós foi abordado por policiais militares durante algumas diligências.
O agente foi morto com dois tiros na nuca no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, no dia 17 de junho. Tapajós integrava o núcleo de inteligência da Polícia Federal e participou do monitoramento dos membros da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
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